Cortes

poesias
Bruna Cosenza
24 de junho de 2015

Também publicado aqui.

Desmonto tudo ao meu redor com meu turbilhão de sentimentos que, de tamanha intensidade, acabam por não deixar nada além de rastros por onde passo.

Busco incessantemente por pessoas inteiras que me ajudem com o ideal de que a plenitude vai além de uma ilusão dos filmes românticos.

Construo e desconstruo laços com facilidade, mas alguns se tornam nós dos quais não consigo me desfazer.

Procuro em olhares corriqueiros uma raridade excepcional que me traga um propósito para os dias em que respirar parece não ser o suficiente.

Evoluo cada vez mais fechada para passageiros efêmeros, pois toda a minha bagagem tem uma queda por permanências.

Por fim, reflito em uma tarde silenciosa de domingo e concluo que por querer tudo ao mesmo tempo, não me permito conquistar nada.

E, a partir de agora, desejo apenas a sorte de um amor tranquilo, um bom livro em mãos e, quem sabe, dois copos de cerveja em uma sexta-feira tediosa.

Estou me fazendo e desfazendo a cada minuto que passa, então não veja meus cortes como a sinfonia de uma melancolia sangrenta, mas como uma possibilidade de cicatrização.