“Escritores da Liberdade”: uma lição sobre o poder da educação, empatia e literatura

cinema-e-series
Bruna Cosenza
14 de outubro de 2020

O título do filme me atraiu e, recentemente, assisti “Escritores da Liberdade”. A única coisa que consegui pensar quando terminei de ver foi: por que demorei tanto tempo para assistir essa maravilha?

O filme despertou muitas emoções e me fez refletir sobre várias esferas da vida. Muitas discussões importantes são expostas e nos pegamos refletindo sobre empatia, preconceito, educação e tantos outros assuntos que fazem parte do nosso dia a dia.

E fiquei ainda mais encantada quando descobri que a história era baseada em fatos reais. Existe até um livro com os relatos da professora e dos alunos. Gostei tanto de “Escritores da Liberdade” que senti que precisava escrever um texto sobre para influenciar mais pessoas a assistirem. E farei isso elencando alguns dos temas que são discutidos ao longo do filme!

Bom, mas antes disso é importante que você entenda sobre o que é a história, não é mesmo? Trata-se de uma professora de 23 anos, Erin Gruwell, que se depara com o desafio de dar aula aos alunos do Colégio Wilson. Acontece que esses alunos não têm uma vida fácil e não se dão muito bem entre si. Gangues, preconceito, drogas, brigas, pobreza, injustiças: o dia a dia desses jovens está longe de ser um conto de fadas.

O filme gira em torno dos desafios que Erin enfrenta, sua paixão pela educação e suas conquistas em sala de aula. Conquistas tão expressivas que ela ajuda a transformar a vida desses alunos por meio, principalmente, da escrita e dos livros.

E antes de levantar os pontos de destaque, se quiser, assista ao trailer e comece a estourar a pipoca para a sua próxima sessão cinema em casa 🙂

Preconceito e Empatia

Um dos primeiros pontos que me chamou a atenção em “Escritores da Liberdade” é a questão do preconceito. Pessoas pretas são contra os brancos, que são contra os asiáticos, que são contra os pretos. Os jovens vivem em uma guerra constante, não há espaço para aceitar a diversidade.

Assustada com aquela realidade, Erin propõe algumas reflexões na sala de aula. Uma das maneiras que encontra para fazer isso é por meio de um jogo simples: ela faz perguntas como “Quantos de vocês perderam um amigo por conta da violência de gangues?”. Nesse momento, os alunos se dão conta de que todos ali estão passando pela mesma situação, todos estão perdendo amigos e familiares para a violência. Violência da qual eles fazem parte e cultivam dia após dia.

Muito se fala sobre empatia hoje em dia, ou seja, a capacidade de se colocar no lugar do outro. No entanto, muitas vezes deixamos ela passar despercebida porque estamos preocupados apenas com a nossa própria dor. Exercitar a empatia é essencial para aceitar as diferenças e aprender a conviver com quem não é igual a nós.

Outra provocação muito interessante que Erin faz é por meio de uma comparação entre o preconceito que os alunos têm uns com os outros e o Nazismo. Os pretos acham que se os brancos não existissem o mundo seria melhor e vice-versa. E não foi com uma ideia assim que começou um dos movimentos políticos mais horríveis que já existiu? Os alunos, por sua vez, não sabiam nem o que era o holocausto, e é aí que entra a literatura.

Livros

Um dos métodos de ensino de Erin consiste em ampliar a visão de mundo dos alunos por meio dos livros. A escola, infelizmente, não oferecia os livros adequados para os estudantes e, portanto, Erin se desdobrou trabalhando em mais dois empregos para conseguir proporcionar uma experiência adequada na sala de aula e comprar os livros.

“O Diário de Anne Frank” é uma das leituras que desperta grande interesse dos jovens, que começam a mergulhar nos perigos do preconceito e extremismo. O entusiasmo é tão grande, que a professora os leva para conhecer judeus que viveram os horrores do Nazismo. Além disso, eles também visitam um museu que conta a história de judeus que viveram na época da Segunda Guerra Mundial.

Aos poucos, vemos o brilho nos olhos dos alunos que, por meio da literatura, começam a questionar, refletir e encontrar respostas para muitas perguntas que antes ficavam ao vento. A mudança de postura é evidente.

Escrita

Para completar, Erin também conduz os alunos em uma experiência única, oferecendo diários para que eles escrevam sobre o que sentem e vivem. Eles não eram obrigados a entregar o diário para leitura, mas logo ela se depara com uma pilha de cadernos repletos de relatos. Eles querem ser lidos.

A professora os faz entenderem que eles têm uma história para contar e que essa história merece ser escrita e lida. O trabalho final é transformar todos os relatos em um livro (isso mesmo, o livro que existe e que podemos ler rs).

Para eles, a escrita se torna um refúgio e Erin, por meio dessa ferramenta, começa a entender melhor a realidade de cada um para ajudá-los da maneira mais eficaz possível na sala de aula.

Educação

Terminar com a palavra educação é o certo a se fazer neste texto. A história não existiria de Erin não tivesse assumido esse desafio, por mais assustador que parecesse no início da história. Afinal, ela saiu totalmente da sua zona de conforto em prol da educação.

O destino de Erin era transformar a vida desses jovens que, sem o suporte e inspiração da professora, talvez tivessem trilhado caminhos completamente diferentes. A mudança de postura e mentalidade dos estudantes é decorrente de um trabalho árduo e incomum de uma mulher obstinada. E tem gente que ainda não valoriza esse trabalho tão importante para a formação dos seres humanos.

“Escritores da Liberdade”: um filme emocionante e necessário

Apesar do filme ter sido lançado em 2007, tenho certeza de que em 2020 ele ainda conversa com a nossa realidade. Ainda vivemos em um mundo repleto de preconceito, desigualdade, violência, falta de empatia e acesso à educação.

São muitos os assuntos discutidos ao longo de “Escritores da Liberdade”, mas como escritora, o que mais me impactou foi o poder da escrita e dos livros na vida desses jovens que, antes, não enxergavam nenhuma perspectiva para si mesmos e seus futuros.

Espero pelo dia em que a realidade triste retratada no início do filme não será mais o dia a dia de nenhum jovem no meu país em qualquer lugar do nosso planeta. Pessoas como Erin existem para mudar esse contexto, mas nós também podemos nos responsabilizar por pequenas ações no dia a dia. Basta querer.


Continue acompanhando todos os meus conteúdos nas minhas redes sociais também 🙂