Assumir que você está perdido é o ponto de partida para a mudança

carreira
Bruna Cosenza
28 de outubro de 2020

Essa semana fiz um call com uma amiga que está morando na Holanda. No começo de 2020 ela pegou o avião e foi para a Europa no estilo mochileira em busca de respostas para a sua vida.

Formada em publicidade como eu, até então tinha sempre trabalhado em grandes empresas na área de marketing. Aos poucos, se deu conta de que aquela vida regrada do CLT não fazia mais sentido, mas também não sabia qual caminho trilhar.

Decidiu viajar na esperança de encontrar essas respostas, mas não é que a COVID-19 atrapalhou os seus planos por um tempo? Mesmo assim, continua firme e forte na sua busca. Atualmente, está trabalhando como garçonete em um restaurante e fazendo um trabalho voluntário para uma startup do ramo de pets.


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O call que fizemos era para conversarmos sobre a vida de profissional freelancer, pois ela queria algumas dicas. As únicas certezas que ela tinha até então era que desejava maior flexibilidade e liberdade na sua rotina de trabalho (oba, bem-vinda ao time rs).

Fora isso, ela está perdida

Sinto uma admiração profunda por pessoas que têm a coragem de falar:

“Não sei o que eu tô fazendo da minha vida, mas quero e vou descobrir!”.

Cara, muita gente não tem essa coragem. Muita gente fica perdida a vida todinha sem levantar a bunda da cadeira para mudar a situação. Essa amiga é tão corajosa que está do outro lado do mundo, enfrentando os desafios de viver em um país estrangeiro enquanto descobre o que ela quer fazer da sua vida.

Não é fácil mudar a rota, sair do padrão e, querendo ou não, viver uma vida de freelancer ao redor do mundo ainda não é visto como o “roteiro usual”. A maioria das pessoas cursa a faculdade e depois faz carreira corporativa nas empresas — ainda conheço mais CLTs do que freelancers, mas fico feliz de ver que cada vez tem mais gente buscando essa liberdade e flexibilidade no dia a dia.

O ponto aqui é o seguinte: quando estava no call com ela, dando conselhos e tentando ajudá-la, me enxerguei muito em seus dilemas. Eu podia sentir um pouco da sua angústia por não ter as respostas e me lembrei da Bruna de 2018, totalmente perdida também.

Essa amiga, diferente de mim, foi em busca das respostas em outro país e conversamos sobre isso, afinal…

As respostas estão dentro de você: mudar de endereço não resolve tudo em um passe de mágica

Existe esse mito (na minha opinião é um mito, ok?) de que quando a gente viaja em busca das respostas, elas aparecem. A minha amiga é a prova de que isso não é verdade.

O fato é simples: podemos pegar o primeiro avião agora mesmo, mas junto levaremos as nossas angústias e dúvidas.

Pode ser que nas primeiras semanas você consiga distrair a sua mente e aliviar a tensão, mas querendo ou não, os questionamentos vão voltar uma hora ou outra.

Às vezes, viajar é necessário para abrir a mente, se reconectar consigo mesmo e questionar o seu modelo de vida atual, mas não podemos acreditar que as respostas simplesmente virão só porque mudamos de endereço.

Para mim, o que faz com que as respostas apareçam são as experiências que vivemos. E essas experiências podemos viver na nossa cidade natal ou do outro lado do mundo. Precisamos agir, fazer algo para mudar e enfrentar as nossas angústias. Só assim a realidade que temos diante de nós vai se modificar.

O processo que a minha amiga está vivendo agora na Holanda poderia ser vivido no Brasil, afinal, ela está pesquisando sobre trabalho remoto, nomadismo digital etc. O fato de estar morando sozinha no exterior pode contribuir ou não para esse processo acontecer mais rápido.

Ah, e faço questão de enfatizar que por mais que mudar de endereço não resolva magicamente todos os seus problemas, existem casos como o da Liz Gilbert, em “Comer, Rezar e Amar“, em que é essencial viajar para viver uma jornada mais profunda e intensa.

Estar perdido não é um problema, é o início da solução

Escrevi este texto porque fiquei muito feliz por ajudar essa amiga e a conversa que tivemos despertou vários sentimentos. Ao me lembrar da Bruna de 2018, agradeci por estar perdida durante aquele período da minha vida.

Gente, se eu não estivesse perdida em busca de um novo lugar para mim, talvez não escrevesse este artigo agora. Que loucura, né?

A minha principal reflexão depois do call foi que estar perdido é o começo da solução.

Ter a coragem de assumir para si mesmo que você não sabe o que fazer da sua vida é o ponto de partida para encontrar um caminho mais significativo. Que orgulho de todas as pessoas que sabem que estão perdidas e lutam todos os dias para mudar esse status: vocês são uma grande inspiração!


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