[#17] Uma reflexão sobre as nossas zonas de (des)conforto

caneta-solta
Bruna Cosenza
23 de outubro de 2023

Este é o sexto texto sobre aprendizados e reflexões durante o meu período morando em Madrid, em outubro de 2023.

Aquela frase “a vida começa onde termina a sua zona de conforto” é muito clichê, mas faz sentido demais para mim nesse momento.

A zona de conforto é composta por diversos pensamentos, ações e comportamentos com os quais uma pessoa está acostumada e, justamente por isso, não geram nenhum tipo de medo, risco ou ansiedade. Ou seja: você não se sente ameaçado nesse ambiente.

Quando cheguei em Madrid, me deparei com uma zona de total desconforto. Nada aqui me era familiar ou seguro, mas, aos poucos, fui criando uma nova rotina e, o que antes era ameaçador, em menos de duas semanas se tornou a minha nova zona de conforto.

Mas não estou fazendo essa viagem para ficar presa àquilo que é tranquilo e previsível. Estou aqui para me desafiar e, por isso, sempre que tenho a oportunidade, opto pelo caminho que me dá mais medo.

Dentro da minha zona de conforto construída aqui em Madrid, continuo em busca de zonas de desconforto, seja no dia a dia ou nas viagens.

No último fim de semana, por exemplo, fui para Paris. Já estive duas vezes na cidade, mas ainda assim sempre é um desafio maior. Seja pela língua ou pela maior complexidade para se locomover, Paris nunca é totalmente confortável. E foi ótimo, afinal, é mais uma oportunidade de ir além do que já me é familiar em Madrid.

Seria tão mais fácil evitar tudo aquilo que me leva até novas zonas de desconforto, mas então qual seria o propósito dessa viagem? Estar sozinha na Europa é uma chance de me descobrir de diferentes formas e aprender mais sobre o meu potencial.

Em Paris, fiquei na casa de um casal de amigos, fui para a Disney de transporte público (e que confusão achar o tal do RER certo rs), andei pelos bairros de metrô, fui para a balada comemorar o meu aniversário de 30 anos… Um pouco de vida local e um pouco de turismo, mas sempre buscando ir além daquilo que me traz apenas segurança.

E é isso o que tem tornado essa viagem tão rica. Ao me permitir viver alguns riscos, experiências diferentes, sair sozinha e me locomover em cidades diferentes, estou ampliando o meu repertório, enfrentando muitos medos que eram grandes “monstrinhos” desnecessários e, como sempre, vendo que sou capaz de fazer tudo isso sozinha.

Se é fácil? Com certeza não.

Colocar a “cara a tapa” é muito complicado, mas tenho descoberto na prática que é apenas quando saímos da nossa zona de conforto que…

A vida fica mais interessante, criamos memórias inesquecíveis e evoluímos como seres humanos.