[#11] Um texto pelo direito de ficar em silêncio

caneta-solta
Bruna Cosenza
11 de setembro de 2023

Às vezes, só quero ficar em silêncio, sabe?

Não ter que conversar com muita gente, nem dar relatório de como anda a minha vida e, muito menos, atualizar as fofocas.

Não em entenda mal, adoro socializar, passar tempo com amigos e familiares, mas não sei o que me dá de vez em quando que a minha única vontade é me mandar para um retiro de silêncio.

E o problema disso é que as pessoas, no geral, esperam que você esteja sempre pronta para socializar, sair e conversar. Quem, assim como eu, oscila um pouco e convive com a necessidade do silêncio, acaba sofrendo nessas horas.

Estou vivendo um desses momentos exatamente agora, aliás.

Faz uma semana (ou um pouco mais, não tenho certeza) que a minha maior vontade é apenas manter a minha rotina de sempre com atividades que incluem, além de trabalhar, fazer exercícios, ler, escrever, assistir filmes e séries e ir ao centro espírita. Até posso sair para encontrar uma ou outra pessoa, mas nada de grandes grupos ou multidões.

Gosto de ficar em silêncio. Isso não me incomoda. Posso passar um dia inteirinho sem falar com ninguém, na companhia apenas com meus próprios pensamentos. Isso não me gera nenhum tipo de estresse.

Aliás, barulho ou vozes demais tendem a me cansar rapidamente de vez em quando. Tenho a tolerância um pouco baixa para excessos desse tipo.

O grande ponto aqui é a dificuldade de ser assim. Muitas vezes, as pessoas questionam: por que você não quer sair? Por que não quer conversar? Por que está tão quieta?

E eu me pergunto aqui: é tão absurdo assim querer um pouco de silêncio?

Confesso que tenho os meus dias de faladeira, mas quando eles estão adormecidos, é bem difícil me manter ativa nos círculos sociais.

Essa semana mesmo desisti de marcar um encontro com alguns amigos para celebrar antecipadamente o meu aniversário (que é apenas 21/10) porque estarei viajando na data. Gente, que preguiça! Só de pensar em ter que convidar, animar e socializar com um monte de gente, já me dá vontade de me jogar no sofá. Há fases, no entanto, em que sou a primeira a topar um barzinho ou jantar.

Eu oscilo, é verdade. Mas tenho tentado respeitar o fato de que sou assim, ao mesmo tempo que espero que as pessoas ao meu redor entendam que não vou estar sempre 100% disponível.

Preciso recarregar as minhas energias de vez em quando. E faço isso me mantando no meu casulo, em silêncio e na minha própria companhia.