Uma reflexão sobre a necessidade de aceitar as diferentes fases da vida

autoconhecimentocronicas
Bruna Cosenza
26 de abril de 2021

A vida é cheia de fases: infância, pré-adolescência, adolescência, maioridade, velhice… Cada momento tem o seu lado bom e os seus desafios. Conforme cresço, cada vez mais penso nos anos que ficaram para trás e me pego refletindo sobre como é difícil deixar o passado no passado e não se preocupar tanto com o futuro.

Recentemente, tenho vivido muita coisa que tem me deixado pensativa: as minhas duas avós estão com quase 100 anos, a minha irmã saiu de casa para começar a construir a sua vida, os meus planos para sair da casa dos meus pais também estão cada vez mais próximos, os meus pais estão ficando mais velhos, tenho primos que já estão tendo filhos…

Tudo isso às vezes dá um nó na cabeça e no coração. E é sobre este assunto complexo e doloroso que quero falar neste artigo: a importância de aceitarmos que as fases da vida passam e que é preciso deixá-las irem embora. Tenho certeza de que não estou sozinha nesta reflexão!

A infância que passa rápido demais

Às vezes, acho que sou o Peter Pan. É claro que quando era criança tudo o que eu mais queria era crescer, mas hoje tenho muito forte dentro de mim a necessidade de manter a minha criança interior viva. Sei que nem todo mundo é assim, mas acho realmente importante.

Hoje, por exemplo, fui logo cedo na banca de jornal perto de casa e decidi comprar dois gibis da Turma da Mônica. Juro que eu estava há semanas com uma vontade maluca de ler um gibi, algo que fazia sempre na minha infância. Sei lá, eu simplesmente fiquei com vontade.

Na hora, pensei: “Puts, vão me chamar de criança!”. Mas e daí? E se eu tiver gostos e hábitos que remetem à minha criança interior? Isso não significa que não seja madura para a minha idade, significa apenas que a minha infância (assim como a de todo mundo) passou rápido demais e eu gostaria de revivê-la de vez em quando.

A vida adulta é repleta de dores e responsabilidades das quais não podemos nos ausentar. Se, às vezes, eu puder simplesmente me transportar mentalmente para a minha infância, então terei alguns momentos nostálgicos de paz. Hoje, com quase trinta anos nas costas (eita, como é esquisito falar isso), sinto falta de ser criança e me lembro com muito carinho de todas as memórias daquela época. Confesso que é difícil desapegar.

A adolescência em que somos os reis do mundo

Enfim, chega a adolescência. Uma nova fase, repleta de descobertas e aventuras pelas quais ansiamos tanto. É bom, não vou negar, mas acho que era melhor nos meus sonhos.

Eita, fase complicada, viu? Cheia de inseguranças e dúvidas, passamos mais tempo tentando nos encaixar no grupinho de amigas do que entendendo quem de fato somos (ainda muito imaturos para isso, né?). E achamos que somos a última bolacha do pacote, sempre cheios de razão.

O ponto é que mesmo assim dá saudades… Eu tenho memórias incríveis da época do colégio com os meus amigos. As risadas, descobertas, conversas, noitadas do pijama… Parece tudo tão distante que quando encontro as minhas amigas e revivemos essas lembranças dá um aperto no coração.

Estamos juntas até hoje, mas já não somos as mesmas. A vida passou e levou muitas das nossas inseguranças e dúvidas daquela época, mas trouxe outras muito mais desafiadoras. Assim, chegamos à fase em que estamos hoje que, com certeza, é a mais complexa.

As dores da vida adulta

Ser adulto não é tarefa fácil. Sei que pedi para crescer rápido quando era menor, mas será que não dá para rebobinar a fita só um pouquinho? Eu não imaginava que seria tão doído.

Quanto mais a gente cresce, mais precisa assumir responsabilidades: dinheiro, relacionamentos, trabalho… A lista não acaba nunca. A vida parece uma roda-gigante, repleta de altos e baixos.

Não direi que são só dores e desilusões, porque não é verdade. A maioridade é repleta de descobertas, independência e autoconhecimento. Valorizo demais tudo isso, mas ao mesmo tempo, não podemos mais ignorar as maldades que permeiam o mundo. Precisamos enfrentar tudo e estar preparados para as mudanças e perdas que cruzarão o nosso caminho.

Foi agora, na vida adulta, que me deparei com as pressões para encontrar o meu caminho profissional; a dor de ver as minhas avós tão queridas envelhecendo; a angústia de precisar dizer adeus à minha irmã que não mora mais comigo. São coisas complicadas, que nos fazem amadurecer e entender que se não aceitarmos as mudanças, continuaremos vivendo presos ao passado.

É preciso deixar ir o que não nos cabe mais

Acredito que este seja um dos grandes aprendizados da vida adulta:

É preciso deixar ir o que não nos cabe mais e agarrar aquilo que nos faz bem.

Preciso aceitar que as minhas avós e pais estão envelhecendo, que a minha irmã saiu de casa para construir a sua própria vida, que transições profissionais são desafiadoras e me dão medo. Preciso aceitar.

Ao mesmo tempo, podemos abraçar o lado bom de tudo. E nos momentos de muitas saudades abraçar aquilo que nos acolhe e nos relembra quem éramos na infância, na adolescência… Por isso, não tenho vergonha de, aos 27 anos, resgatar a minha criança interior lendo um gibi da Turma da Mônica. Entre tanta confusão, dúvida e angústia na vida adulta, fazer isso traz de volta a Bruna de 8 anos de idade que só queria saber de ler uma revistinha.

É verdade que, às vezes, queria ser aquela Bruna de novo. Ou então a adolescente rindo com as amigas e escutando o novo CD da Taylor Swift. Mas não podemos voltar no tempo. O que podemos fazer é aceitar que com cada fase da vida vem algo novo e o melhor a se fazer é abraçar esse momento, pois um dia ele vai passar. E quando passar, vamos olhar para trás que nem eu olho para a minha infância agora.

A cada fase que termina, sempre procuro me lembrar de que coisas boas e ruins se vão. Deixo para trás, com alívio, as ruins, e guardo, com carinho, as boas. Para não sofrer tanto, mentalizo que é necessário simplesmente aceitar e estar aberta para as novas descobertas que virão.

Assim como uma bela flor, cada fase da vida floresce, chega ao seu auge e depois seca. Vira passado para que se abra espaço para novas flores desabrocharem.

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