O relacionamento termina, o tempo passa e tudo muda
Já fazia mais de um ano que não se viam nem se falavam. Terminaram sem ódio e desavenças, mas sabiam que precisavam se evitar por um bom tempo. O período do término tinha sido muito desgastante e doloroso para ambos. No início, a distância gerou um pouco de angústia, mas era evidente a necessidade de seguirem caminhos distintos.
Num dia qualquer, muito distante de qualquer pensamento relativo a esse passado, o celular de Marcela vibrou e o nome daquela pessoa que já tinha se tornado apenas uma memória apareceu na tela.
“Não é possível!”, ela pensou. Não podia acreditar que ele tentaria fazer qualquer tipo de contato quando ela finalmente estava seguindo a sua vida com outra pessoa. Hesitou por alguns instantes, mas respondeu a mensagem da maneira mais educada possível.
Estranhamente, ele respondeu mais rápido do que costumava quando estavam juntos. O papo parecia ser sobre absolutamente nada, mas Marcela sabia que ele não a procuraria sem um motivo relevante. Não precisou esperar por muitas mensagens para entender o que ele queria. Não havia nenhuma intenção de reencontro em suas palavras, o que a deixou aliviada, pois também não queria nem cogitar essa possibilidade. Para variar, as palavras dele não traziam nada além de interesses próprios.
Por mais que já fosse o esperado, Marcela não conseguia acreditar. Tudo ao seu redor tinha mudado desde que se separaram – ela tinha mudado, seus sonhos, suas metas, e até suas aflições. Tudo tinha mudado, menos ele. Ele continuava igualzinho, do jeito que ela tinha deixado. Provavelmente cometendo os mesmos erros e fazendo as mesmas besteiras.
“Que preguiça!”, foi a primeira a coisa que Marcela pensou. Mais do que isso, estava aliviada por ter a certeza de que eles realmente não poderiam ter tentado mais uma vez. Quando outra mensagem pipocou na tela do celular, ela rapidamente desligou o aparelho e saiu de casa. Ele poderia continuar o mesmo, mas ela tinha mudado tanto que já nem era mais a pessoa de um ano atrás. Pegou a sua bolsa, abriu a porta de casa e foi aproveitar a vida que tinha mudado tanto no último ano, sem se preocupar com as angústias do passado e com tudo o que tinha permanecido igual do lado de lá.