Cada pessoa é um mundo

relacionamentos
Bruna Cosenza
1 de setembro de 2015

Certo dia, ele me falou a seguinte frase: “Cada pessoa é um mundo.”

Desde então, fiquei com essa frase martelando na minha cabeça e, então, passei a enxergar as pessoas como mundos particulares. Assim, comecei a pensar como toda vez em que nos propomos a conhecer alguém estamos, ao mesmo tempo, expondo o nosso mundo e nos abrindo para conhecer outro.

A questão aqui é a seguinte: cada mundo tem uma bagagem. Difícil mesmo é não saber que bagagem é essa, não entender que mundo se está explorando. E, a meu ver, é justamente isso que muitas vezes atrapalha os relacionamentos. Logo que conhecemos alguém que nos causa certo interesse, fazemos suposições, buscamos sinais e tentamos entender que mundo é aquele. Mas isso de fato não é tarefa simples, porque muitas vezes as pessoas só permitem que os outros explorem sua superfície.

Quantas vezes não conseguimos entender uma atitude alheia porque não conhecemos o mundo daquele indivíduo? Ou pior, achamos que conhecemos e interpretamos da forma que consideramos conveniente, baseando-se apenas naquilo que acreditamos ser a totalidade daquele mundo. Sinto te dizer meu amigo, mas é bem capaz de você não conhecer nem o seu próprio mundo por inteiro, quem dirá os outros mundos que existem por aí.

Ninguém se expõe totalmente assim. Todo mundo guarda mágoas, medos, receios, sonhos, e desejos. Mesmo assim, conhecer outros mundos é sempre uma delícia, é tentador, é se aventurar. Quando alguém te dá um espaço, não tem coisa mais gostosa do que conhecer um território completamente novo. É revigorante se aprofundar em novos mundos, entender como eles funcionam e permitir que eles nos toquem ao mesmo tempo em que também os tocamos.

“Cada pessoa é um mundo”, ele me disse, e fiquei pensando quantos mundos interessantes já deixei passar despercebidos. Quantos mundos atravessaram a mesma rua que eu, foram naquela mesma festa no sábado à noite, ligaram no meu telefone quando eu não podia atender, ou então tentaram falar comigo quando eu não queria ouvir. E quantos mundos eu achei que conhecia, quando na verdade não entendia absolutamente nada sobre eles. Quantos acreditaram compreender o meu mundo, quando no fundo eu não deixava eles ultrapassarem a minha camada mais rasa.

É, me parece que ainda vamos esbarrar com muitos mundos pelas esquinas da vida, vamos achar que conhecemos vários deles e, no fim das contas, daremos sorte se conseguirmos conhecer profundamente pelo menos o nosso próprio mundo. Porque, na real, ninguém se expõe tão facilmente assim, ninguém é apenas o que aparenta ser.

Afinal, acabei concluindo que somos mais do que um mundo, somos universos. E somos universos porque somos infinitos: pensamos e amamos de forma incalculável, sem limites. Então, por mais que sejamos absolutamente misteriosos e singulares, cada um com seu universo particular, acredito que temos esse ponto em comum: somos infinitos. Somos universos. Cada pessoa é um universo.