6 fatos sobre a vida de Nietzsche que você precisa conhecer
Quem acompanha o Instagram do @blogparapreencher sabe que, recentemente, terminei a leitura da biografia de Friedrich Nietzsche “Eu sou dinamite!”, de Sue Prideaux. Mais de 400 páginas que li em menos de 1 mês. Durante a faculdade aprendi um pouco sobre as ideias do filósofo e, além disso, nos últimos anos também fiz um curso livre que abordava o assunto.
Nietzsche sempre foi muito intrigante para mim. Gostava de sua forma inovadora de enxergar o mundo e me identificava com vários de seus pensamentos, mas não fazia ideia de como tinha sido a sua vida. A biografia me espantou em alguns momentos.
Confesso que não curto tanto biografias, mas para quem também é fã do filósofo, recomendo muito este livro. Isto porque não se trata apenas de um relato sobre a vida de Nietzsche — vai mais a fundo, abordando também as ideias e pensamentos dele. A biografia é tão rica em detalhes que às vezes me perdia e achava que estava lendo um romance.
Entre os fatos mais curiosos que descobri sobre a trajetória de Nietzsche, gostaria de ressaltar alguns pontos para atiçar a curiosidade de vocês e convencê-los de que devem apostar nesta leitura também.
1. Nietzsche tinha a saúde muito debilitada
Já tinha ouvido falar sobre o fato de que o filósofo havia sofrido por muitos anos por conta de sua saúde debilitada. No entanto, não fazia ideia de que era tão dramático. Nasceu em 1844 e, desde jovem, Nietzsche sofreu com náuseas, problemas graves na visão que quase o levaram à cegueira, dores de cabeça absurdas, entre outros sintomas. Alguns anos de sua vida passava quase metade dos dias, ou seja, em torno de 180 dias, com estado de saúde abalada, muitas vezes impossibilitado de trabalhar.
Como na época a medicina era pouco avançada, os médicos não tinha clareza sobre qual era a causa de tais sintomas. Na biografia, é relatado que o pai de Nietzsche morreu muito jovem também e tinha sintomas parecidos com o do filho. Até hoje não se tem certeza, mas há quem diga que ele sofria de sífilis.
2. Nietzsche era uma espécie de nômade
Outro fato curioso sobre a vida de Nietzsche que aprendi lendo a biografia é o fato de que, por muitos anos, ele abdicou de uma residência fixa. Enquanto atuava como professor na Universidade da Basileia, morava na região. No entanto, assim que decidiu abdicar do cargo e se dedicar totalmente à filosofia e escrita de seus livros, passou a morar cada hora em um canto.
Isso me fez pensar bastante sobre os atuais nômades digitais e como, de certa forma, já existia este estilo de vida (exceto pelo fato de que não era um estilo de vida digital). O ponto é que Nietzsche fazia suas caminhadas, escrevia seus livros e ia pulando de cidade em cidade. Admirei muito este modelo de vida livre, pois mesmo em um mundo sem aparatos tecnológicos, percebi que era possível sim não fincar raízes em um único lugar.
3. O filósofo era uma pessoa muito solitária
Provavelmente você já ouviu falar sobre a solidão de Nietzsche. Aprendi muito sobre este lado do filósofo quando li “Quando Nietzsche Chorou“, outro livro muito interessante.
Ao longo da biografia, em vários momentos há relatos de que Nietzsche cria alguns vínculos. Entre eles, podemos citar o músico Wagner, mas depois de muitos anos de amizade, acabaram se distanciando. No final de sua vida Nietzsche já estava mais solitário.
Ele tinha poucos amigos e sua vida nômade também contribuía para que não criasse laços muito fortes. Vale ressaltar a famosa Lou Salomé, a mulher com quem ele criou uma forte conexão.
4. O filósofo pagou para publicar alguns de seus livros
Este ponto falou diretamente com a Bruna escritora dentro de mim. Assim como muitos outros artistas, Nietzsche demorou para receber o devido reconhecimento pelas suas obras. Portanto, em certo momento de sua vida decidiu ele mesmo investir na publicação de suas obras.
Ele vendia muito pouco e recebia críticas devido à polêmica de sua filosofia. O pouco dinheiro que tinha (ele basicamente vivia de uma pensão que recebia da Universidade da Basileia), investia no mínimo para viver e em seus livros.
Quando leio relatos como este, sobre escritores famosos mundialmente que, durante suas trajetórias, precisaram investir financeiramente em suas obras, fico mais tranquila. Muitas vezes, escritores iniciantes se julgam muito e se perguntam: por que ninguém quer publicar o que escrevo? Por que não sou famoso?
Nietzsche é mais um dos escritores que prova para nós que o caminho não é fácil e a tão almejada fama pode demorar anos e anos para chegar.
5. Nietzsche passou 11 anos de sua vida insano
Novamente me surpreendi ao descobrir mais sobre os transtornos psicológicos sofridos por Nietzsche. Não fazia ideia de que ele tinha passado 11 anos insano até falecer, em 1900.
Assim como os demais problemas de saúde com os quais conviveu a vida toda, os médicos nunca tiveram certeza sobre as causas dos problemas psíquicos vividos pelo filósofo. Fiquei assustada porque em determinado momento da biografia, Nietzsche mudou seu comportamento: delírios passaram a ser sua marca registrada.
Passou um tempo em uma espécie de hospital psiquiátrico e, posteriormente, sua mãe o levou para casa. Ironicamente, foi nessa época em que suas obras passaram a receber maior visibilidade, mas ele nunca ficou sabendo disso.
6. A irmã de Nietzsche era muito cruel
Ao longo de todo o relato da biografia do filósofo ficou claro que a irmã, Elisabeth, era uma pessoa maldosa e gananciosa. Quando a mãe de Nietzsche faleceu e deixou o filho insano aos cuidados dela, não restaram dúvidas sobre o quão perigosa era.
Elisabeth juntou todos os trabalhos de Nietzsche e criou o “Arquivo Nietsche”. O mais assustador para mim foi descobrir que o próprio Nietzsche era tratado como uma atração. As pessoas iam até a casa onde moravam para vê-lo, ou seja, a irmã o exibia como se fosse um espetáculo.
Após a morte de Nietzsche, Elisabeth, que tinha o direito sobre todas as obras e manuscritos do filósofo, compilou alguns de seus materiais em um livro inédito e disseminou pensamentos falsos que não condiziam com as verdadeiras crenças e posturas do irmão.
Grandes conceitos da obra de Nietzsche
Como já tinha estudado um pouco sobre as ideias do filósofo, nem tudo o que li na biografia foi uma surpresa. De qualquer forma, gosto muito de ressaltar que a morte de Deus, o conceito de super-homem e a questão da moral são para mim o ponto alto.
Nietzsche me ensinou algo muito valioso que já carrego comigo há anos: não existem verdades absolutas. Tudo deve ser questionado, afinal, vivemos a partir de uma moral que foi criada pelo próprio homem. Gosto sempre de reforçar a questão da mulher ser colocada como sexo frágil e dos pretos serem escravizados — verdades que, em algum momento, precisavam ser questionadas. Definimos que alguns são fortes e outros são fracos; que alguns são bons e outros malvados. Na verdade, tudo pode e deve ser questionado, pois só assim há a evolução.
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