1 ano e 24 livros depois: as leituras que me acompanharam em 2020

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Bruna Cosenza
5 de novembro de 2020

Fim de ano chegando e a gente fica pensando em tudo o que fizemos, aprendemos e conquistamos nos 12 meses que se passaram, não é mesmo? Em 2020, estabeleci uma meta de leitura de 20 livros, acho que uma das mais ousadas dos últimos tempos.

Fiquei surpresa quando bati e superei a meta. Provavelmente o Clube do Livro Sonhos de Anne que criei com uma amiga lá em janeiro tem a ver com isso, afinal, estamos sempre lendo. Além disso, o formato de trabalho freelancer me ajudou a organizar melhor minha rotina e sinto que estou conseguindo ler mais.

Tentei diversificar a minha estante e me dei conta de que consegui ler muitas obras de mulheres esse ano, mas não priorizei muito os livros nacionais. Sei que ainda preciso diversificar mais… Mesmo assim já é um começo, né?

A boa notícia é que dois livros nacionais ainda devem entrar para essa lista até o final do ano: Essa Gente, do Chico Buarque e O peso do pássaro morto, da Aline Bei. Estou lendo o primeiro nesse momento e o segundo está na fila de espera.

Bom, sei que algumas leituras ainda vão entrar nessa lista até o dia 31/12, mas já queria compartilhar com vocês um pouco sobre as obras literárias que me acompanharam nesse ano tão maluco. A maioria é de ficção, porque eu amo mergulhar em novas histórias, mas até que dei uma mesclada com biografias e livros mais técnicos. Bora lá?

1. Para ler como um escritor, de Francine Prose

Comecei o ano me dedicando a uma leitura mais técnica, principalmente porque queria me aprofundar em alguns pontos da escrita literária e aprender com quem tem mais bagagem do que eu.

Gostei bastante desse livro, apesar de um pouco cansativo em certos momentos. Tirei insights valiosos que me acompanham no meu dia a de escrita, então se você é um(a) escritor(a) iniciante, indico a leitura!

2. O Estrangeiro, de Albert Camus

Um livro que sempre quis ler e considero uma leitura necessária. Trata-se de uma profunda reflexão sobre a condição humana, o significado da vida e a liberdade que o autor conta a partir da história do personagem Meursault.

A história nos faz refletir sobre como não existe apenas uma maneira de viver. Meursault é incomum, pois vive o presente, não parece ter grandes emoções e se posiciona com indiferença em relação a muitos fatos, como a morte de sua mãe. Ele se recusa a simular sentimentos que não tem e não vive de acordo com as normas sociais — apenas vive o hoje da maneira que lhe convém. Meursault afirma a sua liberdade o tempo todo.

Os assuntos abordados na obra são de extrema importância e atemporais, por isso vale bastante a leitura. Até porque é interessante lermos os clássicos para termos uma opinião sobre eles.

3. O verão que mudou a minha vida, de Jenny Han — A trilogia

Se você gosta de romances leves e açucarados, essa trilogia é uma ótima pedida. A história tem uns lances meio bobos para quem é mais velho como eu, mas prendeu a minha atenção e li bem rápido.

A narrativa gira em torno de reflexões sobre os primeiros amores e como lidamos com essa avalanche de sentimentos, muitas vezes tomando decisões erradas e confusas baseadas apenas nas emoções. Também fala sobre luto e autoconhecimento.

4. Ernest Hemingway on Writing, de Ernest Hemingway

Comprei esse livro na lojinha de souvenirs da casa que visitei em Key West, onde Hemingway morou um período de sua vida. É um livro diferente, que traz diversas quotes do escritor americano sobre a escrita e a vida de um escritor. Portanto, não é um livro que ele de fato escreveu, e sim um compilado de frases suas.

Tirei vários insights e adorei conhecer um pouco mais sobre os processos criativos de um escritor que admiro tanto.

5. Eu sou dinamite!, de Sue Prideaux

Amei essa biografia de Nietzsche porque ela vai muito além. Ao ler, você aprende sobre os valores e a filosofia dessa grande figura e aprende muitos conceitos novos. O interessante é que a obra é tão detalhada que em alguns momentos parecia que eu estava lendo um romance.

Um baita livro que indico para todos que são fãs de Nietzsche! Falei mais sobre o assunto nesse artigo aqui.

6. Anne de Green Gables, Anne de Avonlea e Anne da Ilha, de L. M. Montgomery

Juro que estava muito empolgada para ler os livros de Anne depois de assistir a série, mas fiquei bem decepcionada. Achei os livros entediantes e sem um fluxo narrativo temporal capaz de prender a minha atenção. São histórias fragmentadas sobre a vida de Anne e não curti muito esse estilo.

Além disso, a série teve algumas adaptações bem interessantes que a tornaram mais atual. Os livros, por sua vez, como foram escritos em uma época com outros costumes e valores, acabam trabalhando elementos que não me geraram muita identificação.

Valeu a tentativa, li os três primeiros… Não deixa de ser a nossa querida Anne, mas infelizmente não quis continuar a leitura dos outros.

7. O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder

Outro livro que eu tinha muita curiosidade para ler e me surpreendi positivamente. É uma obra densa que ensina sobre a história da filosofia. Em alguns momentos a leitura se torna cansativa, mas em outros você quer descobrir o que vai acontecer.

Senti um mix de emoções lendo, mas de forma geral gostei bastante. Aprendi várias coisas novas e fiz reflexões importantes. Contei um pouco mais sobre o assunto nesse artigo aqui!

8. Amor & Gelato, de Jenna Evans Welch

Amei esse romance. Não tinha tantas expectativas, mas acabou me surpreendendo bastante. Uma história leve e viciante, que li em poucos dias e fiquei carente quando terminou (risos).

A personagem principal, Lina, é cativante e me deu vontade de ser sua amiga. A história gira em torno do luto, amor e autoconhecimento, pois a mãe de Lina morre e ela vai morar com o pai na Itália. Lá, vive diversas descobertas ao encontrar um antigo diário de sua mãe.

Para completar, depois que terminei a leitura fui correndo comprar um caderno para voltar a cultivar o hábito de escrever em um journal.

9. Mil beijos de garoto, de Tillie Cole

É triste quando a gente não gosta de um livro, né? Detestei essa obra: achei clichê, boba e com uma história muito fraca. Acabei terminando de ler apenas para ter uma opinião sobre, mas me arrependi de dedicar tempo à leitura.

Talvez, se eu fosse mais nova, teria curtido mais a história, não sei. Mas, infelizmente, não consigo indicar esse livro. E fiz questão de colocar na lista para NÃO indicar mesmo hahaha.

10. A civilização do espetáculo, de Mario Vargas Llosa

Já tinha lido alguns trechos dessa obra na época da faculdade e resolvi resgatar esse ano. É um livro necessário para quem trabalha com comunicação, pois fala sobre a banalização das artes e a maneira que nos relacionamos com a cultura hoje em dia.

Um raio X bem interessante sobre a nossa sociedade, que abre os nossos olhos para diversas questões contemporâneas.

11. Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago

Uma das melhores leituras de 2020. Eu estava louca para ler esse clássico. Sou fã de Saramago desde que li “Intermitências da morte” e, mais uma vez, me impressionei com o dom da escrita desse grande mestre.

É incrível como o escritor consegue falar sobre temas atemporais importantíssimos de uma maneira completamente inusitada. A história sobre uma sociedade que é assombrada por uma epidemia de cegueira branca nos faz refletir tanto que poderia listar centenas de ensinamentos por aqui.

Ler esse livro em 2020 foi ainda mais interessante, afinal, estamos passando por instabilidades políticas e uma pandemia muito grave. Estamos vivendo as nossas próprias cegueiras sempre.

12. Amor para corajosos, de Luiz Felipe Pondé

Encontrei esse livro por acaso na livraria e na hora quis comprar, pois tive aula na faculdade com o Pondé e virei uma grande fã. “Amor para corajosos” traz boas reflexões, mas é um pouco polêmico. Não concordo com todas as visões do filósofo, mas é um bom livro, que aborda o amor de uma maneira interessante.

13. As coisas que você só vê quando desacelera, de Haemin Sunim

Fiquei muito feliz ao descobrir esse livro. Os ensinamentos desse professor de zen budismo são muito valiosos e, com certeza, vou levá-los para a minha vida toda. Ele aborda reflexões sobre carreira, autoconhecimento, relacionamentos, espiritualidade… Tudo com muita leveza.

Li no Kindle, mas sei que a versão física do livro é maravilhosa, pois vem com belas ilustrações. É uma leitura obrigatória para quem deseja evoluir pessoal e profissionalmente (ah, e é uma ótima dica para ler no final do ano). Ah, falei mais sobre o livro nesse artigo aqui.

14. Carta de amor aos mortos, de Ava Dellaira

Esse livro nem estava na minha lista de leituras do ano, mas a Renata Perre, que me acompanha pelo LinkedIn, comentou sobre ele comigo e resolveu me enviar a obra que tinha acabado de ler. Fiquei muito feliz (veio até com dedicatória rs).

Foi um daqueles livros no estilo “gostei, mas não amei”. O título me gerou curiosidade e a história é gostosa de ler, mas não me identifiquei tanto assim. É sobre uma garota que perde a irmã e está aprendendo a conviver com o luto.

Uma das maneiras que encontra para fazer isso é por meio de cartas a alguns músicos que já faleceram. Como eu não conhecia quase nenhum desses músicos, fiquei meio perdida em alguns trechos. Mesmo assim, é um livro interessante e com uma mensagem importante.

15. Escrever ficção, de Luiz Antonio de Assis Brasil

Um dos melhores livros sobre escrita que já li na vida. O Luiz Antonio de Assis Brasil é um grande professor e nós, escritores iniciantes, temos muito o que aprender com ele.

O livro vem recheado de histórias, referências e ensinamentos muito valiosos para quem deseja aprimorar a sua escrita de ficção. Só me arrependi mesmo de não ter lido antes rs.

16. Amor & Sorte, de Jenna Evans Welch

Estava muito animada para ler “Amor & Sorte”, pois tinha gostado bastante de “Amor & Gelato”. Acho que criei expectativas demais e acabei me frustrando com esse livro. Não curti muito a história, que não me deixou nenhum ensinamento muito relevante, sabe?

Dessa vez, a narrativa se passa na Irlanda e é focada em Addie, a amiga de Lina (que era a personagem principal no outro livro). Tudo gira em torno do seu coração partido (e um segredo em relação a isso) e o relacionamento que cultiva com o seu irmão. Fico triste de não ter gostado tanto, mas não tem o que fazer, né?

17. Sem filtro, da Lily Collins

Mais um livro que acabou sendo um pouco decepcionante… Achei que as reflexões trazidas por Lily Collins seriam mais interessantes, mas acabaram não gerando muita identificação. Gostei, não vou dizer que é ruim, pois ela fala sobre temas importantes, como: transtornos alimentares, relacionamentos abusivos, autoconhecimento etc.

Mas sabe quando o livro não parece conversar tanto assim com você? Foi isso o que senti, mas valeu a leitura.

18. Daqui a cinco anos, de Rebecca Serle

Um livro inesperado: essa é a melhor forma de descrevê-lo. Eu e a minha amiga do clube do livro estávamos em busca de outro livro na livraria, mas acabamos não achando e a vendedora nos indicou esse.

Foi uma ótima surpresa! A história foge do óbvio e prende muito a atenção (li em uma semana). É sobre Dannie, uma mulher metódica e controladora, que sempre quer planejar cada etapa de sua vida e do seu futuro.

Um dia, após ser pedida em casamento pelo namorado, ela cai no sono e tem um sonho esquisito. No sonho, tinham se passado 5 anos e ela estava em um apartamento diferente, com outro cara, não o seu noivo. Ela acorda assustada, pois tudo parece muito real. Bom… E o resto não vou contar, você precisa ler para descobrir o que acontece hehe.

19. Cartas a Théo, de Van Gogh

Quem me conhece sabe que sou fã do Van Gogh. Como defensora das artes, a sua história e paixão me inspiram muito. Por isso, decidi ler “Cartas a Théo”, que é um compilado de diversas cartas do pintor ao seu irmão.

Um ótimo livro, que nos faz mergulhar na realidade de Van Gogh na época em que viveu, mas algumas cartas em que ele fala muito de questões técnicas da pintura são meio entediantes.

E aí, curtiu as dicas? Nem sempre amamos os livros que lemos, mas o importante é dar uma chance e ler sempre! Agora é a sua vez de me contar o que leu em 2020.


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