O dia em que parei de procurar por mim mesma em outra pessoa
Vi que ele confirmou presença na festa pelo evento do Facebook. Cliquei no link para saber sobre o que se tratava – era um bar descolado nos Jardins que iria tocar música brasileira com uma pitada de hip hop.
Gostei, mas confesso que não foi a festa em si que me motivou a ir. Foi ele. Queria dar um jeito de encontrá-lo, fazendo parecer que foi o acaso que nos juntou. Na mesma hora confirmei presença no evento e chamei as minhas amigas. Dei sorte porque animaram, mas uma delas foi mais esperta e logo me questionou.
“Tem certeza de que quer ir? Ele confirmou presença…”
Fingi que não ligava e que ia à festa pela festa, e não por ele. Duvido que tenha conseguido enganá-la. Todo mundo sabia que, por mais que eu fingisse que não, ainda corria atrás dele.
No dia, chegamos ao bar relativamente cedo e o espaço ainda estava bem vazio. Gostei muito do ambiente: paredes com grafites, sofás vintage – super descolado. Pedimos alguns drinks e nos sentamos num cantinho esperando o agito começar.
Cada pessoa que passava pela porta me provocava um friozinho na barriga. A esperança era que sempre fosse um rosto conhecido – aquele rosto conhecido. Mas o tempo foi passando, o bar lotando e nada dele. Ficou tão animado que até começamos a dançar os ritmos brasileiros com uma pegada hip hop, mas mesmo assim eu não conseguia me desligar e me esquecer do verdadeiro motivo que me levou até aquele lugar.
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Mais de três horas se passaram e finalmente me conformei que aquela tinha sido apenas uma confirmação aleatória no evento do Facebook. Era bem provável que ele nem se lembrasse do evento e eu boba tinha me iludido com a ideia de que iria aparecer por lá. Ou, talvez, tivesse acontecido algum imprevisto. Pode ser, não é mesmo?
A verdade era apenas uma: eu jamais saberia. Não era mais da minha conta. E me senti uma idiota por achar que poderia criar um encontro casual com ele. Mais uma vez, eu estava lá sozinha. Ele poderia estar em qualquer lugar da cidade, mas eu preferi acreditar que estaria lá ao meu lado.
Resolvi ir embora quando me dei conta de tudo isso. Aquele ambiente que a princípio era tão descolado e interessante, de repente me pareceu muito entediante. Corri para pagar minha comanda, me despedi dos meus amigos e fui embora.
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No caminho para casa, tive a maior conclusão de todas: eu não estava procurando por ele, estava procurando por mim mesma. Desde que vi sua confirmação no evento do Facebook, desde que entrei no bar e fiquei atenta a cada cabecinha que entrava naquele lugar.
O tempo todo eu procurava por mim mesma simplesmente porque grande parte de mim ainda estava conectada a ele. Era isso. Naquele dia, por mais que eu ainda não tivesse me encontrado, tive a certeza de que não precisava mais dele nessa busca. A partir daquele momento seria eu comigo mesma. E estava tudo bem… Iria ficar tudo bem.