Isso é amor
Eu podia ver cada gota da chuva escorrendo pelo vidro da sala de jantar, ao mesmo que admirava as folhas das árvores dançarem com o vento que fazia lá fora. Ele tinha ido buscar croissants quentinhos na padaria mais próxima e eu mal podia esperar para derreter a manteiga neles. Era o meu programa preferido em dias chuvosos: comer croissants quentinhos embaixo das cobertas, enquanto assistíamos a um filme que nos fizesse refletir sobre a vida.
Não conseguia parar de pensar se esse também era o seu programa preferido em dias chuvosos. Por algum motivo, nunca tinha parado para perguntar. Era como se eu não precisasse perguntar. Mas será mesmo? Poucos minutos depois, os meus pensamentos foram interrompidos pela porta se abrindo e um vento gelado percorrendo a casa. Ele tinha chegado com os croissants. Nós preparamos tudo e fomos para a sala. Colocamos o filme que tínhamos combinado de assistir e nos abraçamos.
Com o canto do olho, vi que lá fora as folhas das árvores ainda dançavam conforme o ritmo do vento e abracei-o ainda mais forte, como se aquele ato fosse me impedir de sentir o frio que as plantas sentiam naquele momento. Olhei para ele e pensei em perguntar se aquele era o seu programa preferido nos dias chuvosos. Hesitei. Levantei a cabeça que descansava em seu peito e nossos olhares se cruzaram da forma mais pura e sincera possível. Rapidamente, o seu rosto se iluminou com um sorriso que me fazia esquecer que existia um mundo além de nós dois.
Não foi preciso de mais nada para ter a certeza de que não importava se aquele era o seu programa preferido em dias chuvosos, pois o importante era que fazíamos juntos. Afinal, o amor – o nosso amor – era sobre compartilhar momentos, fazendo coisas um pelo outro. Ele sabia que quando chovia, tudo o que eu queria era ficar em casa com os meus croissants assistindo a um filme embaixo das cobertas, o que já era o suficiente para ele querer isso também. E, então, eu finalmente entendi que isso é amor.