Tudo é passageiro

cronicas
Bruna Cosenza
12 de julho de 2015

Ao olhar pela janela do carro, fui obrigada a me conformar com o fato de que tudo na vida é passageiro. Aquela paisagem corria pelos meus olhos conforme o automóvel acelerava, mas fixava- se em minha mente como se meus olhos fossem detentores de uma máquina fotográfica. Foi assim que aprendi a te querer, a te aceitar como você é e a entender por que eu precisava te perder.

Assim como as paisagens que vi de dentro do carro, você se movimenta sem nunca sair do lugar. E se alguma vez você realmente caminhou em alguma direção, com certeza foi uma oposta a minha. Seus passos lentos te distanciam de mim, mas não te levam embora e eu, que por tanto tempo teimei em ignorar a razão, acreditei que era questão de tempo até que nos encontrássemos pra valer. Procurei atalhos para encurtar esse caminho e não consegui nada além de um punhado de frustrações. É por essas e outras que cansei de tentar mudar o seu roteiro e ser o seu destino final foi se tornando um desejo cada vez mais ilusório.

Enfim me conformei em ser apenas uma estação em sua vida. Um pedaço que gostei muito de ser e que agora, apesar de triste, fico aliviada de deixar pra trás, porque assim como as paisagens, você sempre pareceu estar em movimento, mas na verdade nunca saiu do seu lugar para chegar até mim.