O barulho da cidade me incomoda
O barulho da cidade me incomoda. Motos, buzinas, gente falando…
Tudo o que eu quero é um minuto de paz e silêncio. Quero me lembrar do som da sua voz.
Parada no trânsito, procuro na multidão algum rosto familiar, mas só vejo semblantes de preocupação e desespero.
Aonde foi parar a leveza do ser?
Continuo procurando incessantemente. Ao menos uma pessoa deve haver. Nada.
Apavorada, abaixo o espelho retrovisor até que eu possa me enxergar. Hesito. Continuo abaixando-o lentamente e me desespero ao notar a semelhança entre o meu semblante e o das pessoas apressadas pela rua.
“Esgotada. Estou esgotada”, falo baixinho. Quando foi que me tornei isso? Aonde foi parar a leveza do meu ser?
As buzinas ensurdecedoras não me permitem lembrar o som da sua voz. Com raiva, bato as mãos contra o volante e lágrimas começam a cair.
Por que você se foi tão rápido?
Nos perdemos. Nos perdemos em meio ao caos. Porém, existimos antes do barulho da cidade. Nós o construímos. Nós somos responsáveis por nossos semblantes. E se não temos mais paz, a culpa é só nossa.
Então, por favor me leve para algum lugar aonde o único som seja das ondas do mar e da brisa do vento.
O carro da frente começa a andar. Coloco a primeira marcha, acelero e vou.