O barulho da cidade me incomoda

cronicas
Bruna Cosenza
12 de julho de 2015

O barulho da cidade me incomoda. Motos, buzinas, gente falando…
Tudo o que eu quero é um minuto de paz e silêncio. Quero me lembrar do som da sua voz.

Parada no trânsito, procuro na multidão algum rosto familiar, mas só vejo semblantes de preocupação e desespero.

Aonde foi parar a leveza do ser?

Continuo procurando incessantemente. Ao menos uma pessoa deve haver. Nada.

Apavorada, abaixo o espelho retrovisor até que eu possa me enxergar. Hesito. Continuo abaixando-o lentamente e me desespero ao notar a semelhança entre o meu semblante e o das pessoas apressadas pela rua.

“Esgotada. Estou esgotada”, falo baixinho. Quando foi que me tornei isso? Aonde foi parar a leveza do meu ser?

As buzinas ensurdecedoras não me permitem lembrar o som da sua voz. Com raiva, bato as mãos contra o volante e lágrimas começam a cair.

Por que você se foi tão rápido?

Nos perdemos. Nos perdemos em meio ao caos. Porém, existimos antes do barulho da cidade. Nós o construímos. Nós somos responsáveis por nossos semblantes. E se não temos mais paz, a culpa é só nossa.

Então, por favor me leve para algum lugar aonde o único som seja das ondas do mar e da brisa do vento.

O carro da frente começa a andar. Coloco a primeira marcha, acelero e vou.