Van Gogh: a dor e sensibilidade do artista incompreendido que existe em nós

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Bruna Cosenza
5 de junho de 2019
vang gogh no portal da eternidade

Não há outra maneira de iniciar este texto.

O filme “No Portal da Eternidade” tocou o meu coração como poucos já o fizeram ao longo da minha vida. O diálogo que, para mim, resume a essência do filme e deste texto é este aqui:

“Por que diz ser pintor?
Van Gogh: Porque amo a pintura. Tenho que pintar. Sempre fui um pintor.
Um pintor nato?
Van Gogh: Sim.
Como você sabe?
Van Gogh: Porque não sei fazer mais nada. Acredite, já tentei.”

Sim. O filme me tocou. Talvez seja pelo fato de retratar a vida de um artista. Talvez seja por ele ser um dos pintores mais incompreendidos da história. Talvez seja pela sua genialidade beirando a loucura (ou loucura beirando a genialidade). Talvez seja porque enxergo um pouquinho de cada artista que conheço dentro dele.

Gênios. Incompreendidos. Sensíveis. Inconformados. Desencaixados.

Nem todos encontram espaço em um mundo que pouco compreende quem veio para sentir, expressar e criar. Quem veio para traduzir a vida em quadros, palavras, filmes, músicas.

Em “O Portal da Eternidade”, a interpretação fantástica de Willem Dafoe dá vida a um gênio incompreendido. Junte isto à direção e fotografia incríveis que nos fazem sentir na pele o que o personagem sente e teremos uma obra realmente fantástica.

Cena do filme “No Portal da Eternidade”


Em alguns momentos do filme, todos os elementos fazem com que você simplesmente mergulhe em Van Gogh. Conforme assistia, era como se, por alguns instantes, eu sentisse na pele toda a sua angústia e desespero.

Van Gogh: um revolucionário

Um artista muito além de seu tempo que, infelizmente, foi extremamente incompreendido. Morreu jovem, aos 37 anos, após uma jornada muito sofrida e melancólica na qual não teve absolutamente nenhum sucesso em vida na carreira de pintor.

Seus distúrbios psicológicos, na época também muito incompreendidos, contribuíram para que tudo fosse ainda mais turbulento.

A verdade é que Van Gogh queria apenas uma coisa: pintar. Ele queria que as pessoas a sua volta enxergassem na sua pintura o que ele via no mundo, porém, não conseguia encontrar o seu lugar.

“Talvez Deus tenha me feito pintor para aqueles que não nasceram ainda.”


Van Gogh só foi reconhecido após a sua morte. Hoje, é venerado como um dos maiores pintores da história.

O que ele sentiria se tivesse vivido o suficiente para ver toda a revolução que causaria no mundo artístico?

Apesar de sua vida ser repleta de dúvidas, há uma certeza: sua genialidade

Há muitos fatos sem respostas conclusivas sobre a vida do pintor. Não conseguimos afirmar se ele foi morto ou se cometeu suicídio. Não temos um diagnóstico preciso sobre as doenças psicológicas que lhe afligiam.

“Às vezes, me sinto longe de tudo. Acho que estou ficando louco.”



O que temos certeza é de que ele era um gênio. Um artista. Um incompreendido. Uma pessoa de sensibilidade incomum.

Cena do filme “No Portal da Eternidade”

Há quem diga que era louco, mas todo artista sabe que a genialidade tem uma pitada de loucura. E a verdade é que nós, artistas, toda vez que nos lembramos da luta de Van Gogh, nos enxergamos um pouquinho na sua dor e sensibilidade.

Nós, artistas, já fomos Van Gogh em algum momento. Seja ao nos sentirmos incompreendidos pelo mundo; seja ao acharmos que estamos completamente sozinhos por não nos encaixarmos no modelo padrão de vida; seja ao não conseguirmos fazer as pessoas enxergarem o mundo pelos nossos olhos.

Sempre terá alguém para dizer que somos loucos. Não somos. Somos:

Gênios. Incompreendidos. Sensíveis. Inconformados. Desencaixados.

“Às vezes, dizem que sou louco. Mas um pouco de loucura é o melhor da arte.”



E não podemos ser nada além de artistas. Acredite, já tentamos.

*Todas as citações do texto são do filme “No Portal da Eternidade.

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