As Virgens Suicidas – Quem controla a sua vida?
Não temos controle sobre a vida como um todo. Algumas situações nos são impostas e não temos o menor controle sobre elas. O filme “As Virgens Suicidas” me despertou um pouco essa questão.
A história retrata a vida de cinco irmãs da família Lisbon. Narrado pelos vizinhos adolescentes que observam a dinâmica de vida das meninas, o filme começa abordando a tentativa de suicídio da irmã mais nova, Cecilia. A segunda tentativa de se matar é bem sucedida quando Cecilia se joga da janela e, a partir disto, há uma desestruturação na família, composta por pais extremamente religiosos e conservadores.
Lux, interpretada por Kirsten Dunst, é a irmã mais rebelde e que recebe maior foco na história toda. Após o suicídio de Cecilia, as irmãs conseguem convencer os pais de irem acompanhadas ao baile da escola. O problema é que, depois da festa, Lux não volta pra casa junto com as irmãs, pois fica com Trip, rapaz que após transar com ela, abandona-a e nunca mais a procura.
Pela manhã, quando Lux chega em casa, seus pais decidem afastar as irmãs do mundo externo, Deixam de ir à escola e só saem de casa para pegar a correspondência. Enquanto isso, os vizinhos que narram a história continuam observando as meninas que, mais tarde, começam a mandar sinais de socorro para eles.
O que acontece no final da história é muito óbvio, basta reler o título do filme. Porém, o que me chamou a atenção é que o suicídio de todas as irmãs se deu em consequência de uma situação da qual elas não tinham controle. Tornaram-se prisioneiras de suas próprias vidas e não conseguiram controlar aquilo que parecia acabar com elas, apenas obedecendo à situação que lhes havia sido imposta.
E quantas vezes isso não acontece com nós? Vivenciamos situações em que gostaríamos de assumir o controle, fazer alguma coisa diferente e o máximo que conseguimos é um forte sentimento de impotência. Sim, infelizmente não podemos controlar absolutamente tudo que nos rodeia. Não podemos controlar, principalmente, decisões e sentimentos alheios. E sim, isso é frustrante. Quantas coisas poderiam ser diferentes se pudéssemos assumir o controle e fazer do nosso jeito.
A vida é assim, quando paramos para pensar, nos damos conta de que não controlamos muita coisa e me parece que o suicídio das cinco irmãs foi um grito pelo controle. A única forma que encontraram para assumirem suas próprias vidas.
Afinal, o que foi mais triste: a morte lenta que ia desgastando a vida das meninas dia após dia ou suas mortes repentinas?
E mais: será, então, que tirar a própria vida é uma forma de assumir o controle?