Sobre passar um ano sem você
Foi esquisito quando me dei conta de que a Páscoa já tinha chegado novamente. Já fazia um ano que tínhamos escolhido trilhar caminhos diferentes. Foi estranho pensar que isso parecia ter acontecido ontem, mas, ao mesmo tempo, em outra vida. Deve ser porque você foi daquelas pessoas que marcou tanta presença (e por tanto tempo), que agora é até esquisito perceber que é possível sim se acostumar a uma vida em que cada um segue um rumo diferente.
Confesso que ainda me lembro de nós, mas não é como antes. Para falar a verdade, não faz muito tempo que consegui me lembrar de nós de uma maneira saudável, sem aquelas pontadas de agonia que costumavam me atingir quando eu pensava em você com outras garotas. Hoje, quando eu me olho no espelho, me vejo com qualquer outro cara que não seja você. E quando projeto a sua imagem na minha mente, consigo te ver com aquele tipo de garota que eu sempre imaginei que você acabaria ficando depois de mim.
E já se passaram 365 dias. Dá pra acreditar numa coisa dessas? Um ano inteirinho sem você e você sem mim – na teoria, é claro. Eu juro que há um ano não imaginava que estaria onde estou hoje. Eu não fazia ideia de como dar um passo sem olhar para você antes. Soa até meio patético, não é mesmo? Mas foi bom. Cresci tanto que fico até assustada. Consegui me levantar sozinha e olha onde estou hoje. De pé, com planos malucos dando certo, e ficando com outras pessoas que me provam como a gente não tinha nada a ver em tantos aspectos.
Essa é outra coisa que só consegui perceber depois desses 365 dias. Eu realmente te achei perfeito por muito tempo, sabia? Eu e todas as pessoas apaixonadas do mundo possuem essa tendência. Nossa, mas que erro! Um erro bom, confesso. É gostoso acreditar que estamos envolvidos com uma pessoa quase perfeita, do jeitinho que idealizamos. Mas quando cai a ficha pra valer a gente até dá risada de tudo o que costumávamos sentir e pensar. Hoje, eu sei que você está muito, mas muito longe de ser perfeito. Aliás, ninguém é perfeito, mas você é tão diferente de mim que não sei como algum dia acreditamos que, naquele momento, poderíamos nos encaixar de alguma forma.
Às vezes me pego pensando se você continua com as mesmas manias, se ainda gosta de ir ao cinema da Paulista sozinho, se o seu cabelo está curto, ou se a barba está por fazer… É verdade, eu penso sim. Mas são só pensamentos. Se você soubesse em quantas outras coisas eu consigo pensar hoje em dia, perceberia que você passou de ator principal para mero figurante do filme da minha vida. O papel de protagonista está ocupado atualmente, mas não pense que é por outro garoto. O papel de protagonista é meu, e acredito que continuará assim por um bom tempo. Afinal, quem melhor para estrelar o filme da minha vida do que eu mesma?