Declaração de amor para todas as avós

cartas
Bruna Cosenza
29 de junho de 2015

Querida Vó,

Não sei como até hoje ainda não tinha te escrito nada. Logo a senhora, que sempre foi uma das pessoas mais presentes na minha vida, uma segunda mãe. Hoje, dedico as minhas palavras para a senhora e todas as outras avós do mundo.

Outro dia parei para pensar em como as avós são capazes de nos transmitir tanto otimismo e fiquei me questionando sobre isso. Mesmo passando por tantas dificuldades impostas pela idade, as vovós que conheço por aí são tão generosas, fofas e mais: elas têm uma visão muito positiva sobre as coisas. Como elas conseguem ser assim?

Há anos tenho escutado inúmeras histórias de quando a senhora era mais jovem. Talvez todo o seu otimismo seja resultado da vida incrível que teve. “São Paulo era tão diferente, não tinha crime como hoje em dia, todo mundo andava bem vestido e nem tinha tanto comércio…”, como a senhora mesma me diria. Sem contar como os rapazes estavam sempre atrás dos “brotos” e o amor se construía de uma forma leve e pura, como é difícil de vermos hoje em dia. Vou falar para a senhora que, muitas vezes, ouvir todas essas histórias me dá uma vontade de experimentar viver naquela época que, aos meus olhos, parece ter sido incrível em tantos aspectos.

Agora, anos e anos depois de ter aproveitado uma infância deliciosa no interior, comer muita fruta direto do pé, brincar descalça no jardim, ler muitos livros embaixo de árvores, se casar com um homem incrível, ter filhos e netos, vejo que continua otimista, feliz e pronta para receber os bisnetos.

Minha querida avó, nem que eu ficasse horas escrevendo para a senhora, seria capaz de expressar toda a admiração que tenho não só pela sua história de vida, mas pelo seu caráter. O mundo precisa de mais pessoas como a senhora: alegres, otimistas, encantadoras, educadas e altruístas.

Imagino que não só a senhora, mas tantas outras vovós sejam assim. Às vezes me parece que a vida já foi muito melhor, pois por mais que tenhamos avançado muito em ramos como a ciência e tecnologia, tenho a sensação de que falta um pouco do toque humano em algumas coisas, ou melhor, o toque de vó.

O toque de vó, um dos únicos que faz as coisas simplesmente por amor. Se tem algo que aprendi com a senhora, é que devemos amar sem esperar nada em troca. Gostaria de colocar um toque de vó no mundo de hoje e, quem sabe, seríamos mais otimistas como as vovós.

Obrigada por apenas ser quem é e ensinar que não precisamos de muito para nos preenchermos e sermos felizes. Basta a alegria de viver e ter pessoas com quem compartilhar o amor.

Com carinho,

Todas as netas e netos do mundo.