Carta para todos os garotos que já amei

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Bruna Cosenza
27 de fevereiro de 2020
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Amores intensos. Amores dispersos. Amores transformadores.

Fiquei pensando bastante, mas não sabia começar esta carta de outra forma.

Não é difícil escrever sobre e para vocês. Na verdade, é bem mais fácil do que eu imaginava e, de uma maneira esquisita, me completa. Provavelmente porque todos vocês fazem parte de mim de alguma forma.

Confesso que não acharia estranho se boa parte dos garotos que eu amei ao longo de 26 anos já tivessem me esquecido, mas espero que não. Espero que eu também faça parte de vocês de uma maneira bonita, como vocês fazem de mim.

Estou escrevendo porque outro dia, ao escutar uma música na academia, me lembrei de que foi um de vocês que me fez escutar aquele cantor. Naquele instante, um milhão de sensações me dominaram e voltei a ter 15 anos.

Os dias na escola eram tão incríveis quando eu estava apaixonada, pois havia um motivo para querer ir à aula. O frio na barriga, a ansiedade, a troca de olhares, as palavras amigáveis.

Se é que vocês se lembram de mim, devem saber que eu era intensa em tudo o que sentia. Por vocês eu fiz tanto (mas talvez vocês nem saibam).

Por vocês eu aprendi a ouvir Oasis. Por vocês eu aprendi a gostar de Wiz Khalifa. Por vocês eu fui às festas proibidas. Por vocês eu quase perdi amizades. Por vocês eu enfrentei a mim mesma. Por vocês eu entendi que amar era aceitar o diferente.

Nem sei mais dizer porque não demos certo, mas acho que a pessoa com quem estou hoje significa que não poderia ser diferente. Era preciso cruzar com todos vocês, crescer e amadurecer, para então aprender a me valorizar e entender o que era realmente bom para mim.

Da minha maneira, fui muito feliz amando cada um de vocês. Todos, de uma maneira singular, me tornaram uma mulher mais forte e fortaleceram o meu amor próprio.

Hoje, sei que não aceitaria nem metade do que alguns de vocês ofereceram, mas também não sei se me apaixonaria por vocês. Nós mudamos.

Não somos mais os mesmos. Não estamos mais na escola e nem na faculdade. Crescemos e nos tornamos novas versões de nós mesmos. No entanto, a imagem que tenho de todos os garotos que já amei ainda é a mesma de alguns anos atrás.

Alguns de vocês eu nunca mais vi. Não sei o que fazem, do que gostam e quem são hoje. Uma ou duas fotos no Instagram não são o suficiente para saber se me apaixonaria novamente.

Cada um em seu caminho, mas todos carregando as suas marcas da vida. Eu, com certeza, carrego todos que já amei e tenho uma pequena cicatriz de cada coração partido, lágrima escorrida e também de cada felicidade compartilhada.

Se eu pudesse (ou se tivesse coragem o suficiente), enviaria esta carta a vocês. Seria bom saberem que ainda me lembro de todos e que de vez em quando envio energias e luz.

Sem raiva. Sem ressentimento. Sem rancor.

Apenas gratidão.

Com amor.