Carta para os que ainda amam
Felipe,
Pensei muito antes de te escrever. Não sabia muito bem por onde começar. Por incrível que pareça, as palavras não pareciam expressar tudo aquilo que eu estava sentindo. Até me lembrei de uma frase que li há muito tempo: “Existem momentos na vida da gente, em que as palavras perdem o sentido ou parecem inúteis, e, por mais que a gente pense numa forma de empregá-las elas parecem não servir. Então a gente não diz, apenas sente.” (Freud)
Na última vez em que nos vimos foi exatamente isso o que fizemos, você se lembra? Tudo o que você tinha para falar, provavelmente ficou tão entalado na sua garganta como ficou na minha. Não falamos, apenas sentimos. E eu sei que você sentiu tanto quanto eu. Quando nossos olhares se cruzaram eles gritaram por um sentimento que está sufocado. E eu sei que você sabe disso tanto quanto eu.
Agora, os dias passam e eu continuo não sabendo quais palavras empregar, então continuo apenas sentindo. Outras pessoas se aproximam, novas conversas chegam até mim, vários olhares cruzam com o meu, mas nada, absolutamente nada te leva embora. Parece até que… Bom, deixa pra lá…
Eu sei que você também pensa, mas acaba que nós dois pensamos e não falamos nada. E nesse jogo de quem fala ou não fala, fico pensando que um dia vamos acordar, viver e dormir sem nem nos lembrarmos mais um do outro e, de repente, vamos nos dar conta de que nos esquecemos.
Assim… Tão naturalmente.
Como se fosse normal.
Como se fosse pra ser.
Como se o certo fosse não ser.
Você quer se esquecer?
Eu te amo (mesmo assim).
Sua Manuela.