Como fazer uma transição de carreira em 4 passos

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Bruna Cosenza
27 de maio de 2020
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Enquanto escrevo este texto tenho 26 anos e, até agora, já contabilizo duas transições de carreira na minha trajetória profissional. Em 2012, quando estava começando a faculdade não passava pela minha cabeça que eu enfrentaria tantas frustrações e questionamentos.

Como todo jovem perdido e sem noção do peso de suas escolhas profissionais, decidi fazer publicidade porque gostava de comportamento humano. Eita, mas que justificativa para escolher um curso que tem como essência “vender coisas para as pessoas”. Pois é, eu era tão perdida quanto você é ou já foi um dia também. Se tem uma coisa que nossos pais e professores deveriam nos dizer quando temos 18 anos é que ainda vamos sofrer um pouquinho para encontrar um lugar profissional que faça sentido para nós.

Bom, agora que já conversamos sobre como todos nós passamos pelas mesmas aflições e inseguranças, vamos falar sobre o que importa aqui: transição de carreira. Se você já conhece a minha história sabe que comecei a minha vida profissional em agências de publicidade e em 2017 comecei a planejar o que seria a minha primeira transição profissional.

Resolvi sair do centro do mundo publicitário, as agências, e parti para o terceiro setor. Pouco mais de 1 ano no terceiro setor e me dei conta de que mais uma vez estava no lugar errado e parti para a minha segunda transição profissional que me trouxe até aqui. Hoje, sou freelancer em produção de conteúdo e tenho mais tempo para meus projetos pessoais e literários (eba!).

Por mais que a minha vida possa parecer um mar de rosas para quem me conhece apenas pelas redes sociais, posso afirmar que ainda carrego muitas dúvidas. Mas são questionamentos diferentes porque finalmente sinto que estou no lugar certo (pelo menos por enquanto).

Decidi escrever este texto para ajudar pessoas que estão passando pelas angústias de uma transição de carreira. Muita gente quer mudar, mas não sabe nem por onde começar. Como vivenciei este processo duas vezes acredito que tenha acumulado certa experiência e estou aqui para compartilhar com vocês um passo a passo! Vamos lá?

Como fazer uma transição de carreira em 4 passos?

Lembre-se de que tudo o que estou compartilhando aqui é baseado na minha experiência, então vale até conversar com outras pessoas que também viveram uma transição de carreira para ir compilando diferentes aprendizados. Afinal, quanto mais você souber sobre este processo, melhor, não é mesmo?

1. Faça uma análise do que você não gosta

Para começar, primeiro você deve refletir sobre o que não gosta na sua vida profissional atualmente. Faça um profundo mergulho nas suas insatisfações e vá listando tudo aquilo que você tem vontade de eliminar do seu dia dia. Para te ajudar, vou compartilhar aqui a listinha que eu fiz quando estava na minha segunda transição profissional, ok?

Coisas que eu não gosto na minha vida profissional atual:

  • Ir para o escritório todos os dias
  • Não ser dona dos meus horários
  • Perder mais de 2 horas por dia no trânsito
  • Ter um chefe
  • Ficar horas e horas em reuniões todos os dias
  • Participar de reuniões de time sobre os valores da empresa
  • Chegar em casa todos os dias quando o dia já acabou e não ter mais energia para fazer nada
  • Trabalhar com marketing de produto
  • Precisar sorrir todos os dias para as pessoas do escritório mesmo quando eu não estou com vontade de fazer isso
  • Trabalhar mais horas do que o previsto na lei do CLT

Este é um spoiler do que me tirava do sério na minha vida profissional há 1 ano. E por que é importante fazer esta lista? Para entender a raiz dos seus problemas. Só assim você vai entender se a sua transição de carreira deve te levar a um formato de trabalho totalmente diferente, a uma nova área de atuação etc.

2. Faça uma análise do que você gosta

Feita a lista do que você não gosta chega a hora de entender o que você gosta. Este exercício também é importante porque muita gente sabe o que não quer, mas não sabe o que quer! E às vezes a pessoa até sabe no seu interior, mas ainda não se permitiu enxergar.

Para te ajudar, mais uma vez vou abrir aqui o meu coração e compartilhar a minha listinha pontuando o que gostava quando estava pensando na minha segunda transição profissional.

Coisas que eu gosto e gostaria de incluir na minha vida profissional:

  • Ter flexibilidade de horários e dias para trabalhar
  • Trabalhar em casa ou de qualquer lugar do mundo
  • Ter mais tempo para projetos pessoais e hobbies
  • Escrever
  • Tirar férias quando quiser e não depois de 1 ano em uma empresa
  • Inspirar e ensinar as pessoas de alguma forma

No geral era isso! Fica claro, portanto, que o formato de trabalho no qual eu estava inserida não me fazia feliz, certo? Ao mesmo tempo, eu tinha um desejo muito grande de trabalhar escrevendo e inspirar as pessoas de alguma forma. Assim, depois de fazer estas duas listas comecei a entender que provavelmente o melhor caminho para mim seria me tornar produtora de conteúdo freelancer. Dessa forma eu poderia trabalhar remotamente e ainda por cima com a minha maior paixão: a escrita.

3. Converse com pessoas da sua área de interesse (e de outras áreas também)

O exercício das listas correu em paralelo com algumas conversas com ex-chefes e profissionais da área em que eu deseja atuar. Estes papos foram muito importantes para abrir meus olhos em relação ao caminho que eu desejava traçar e também para entender melhor os desafios da vida de freelancer.

Sempre gosto de contar que uma da minhas primeiras chefes da época do estágio ressurgiu bem nesse período da minha vida e começamos a conversar sobre tudo. Ela me contou que também tinha saído do corporativo e estava focada em freelas e no seu mestrado. Ela foi fundamental para que eu criasse a coragem que faltava e me deu dicas essenciais.

Mesmo não sendo da área de conteúdo ela tinha mais experiência profissional do que eu e me deu ótimos conselhos para esta nova fase. Por isso, quando estiver planejando a sua transição de carreira procure por ex-colegas, ex-chefes ou amigos que possam te auxiliar no processo. Se estiver disposto a investir um pouco mais, quem sabe até contratar um coach?

4. Crie um plano de ação (e execute!)

Chegar nas respostas certas é o processo mais doloroso e complexo. A boa notícia é que depois disso você já pode respirar mais tranquilo. O próximo passo é criar um plano de ação e começar a executar a sua transição de carreira. Não ficou muito claro? Bom, para ajudar vou compartilhar com vocês o meu plano de ação quando estava vivenciando a minha transição.

Nada mais é do que um compilado de ações que têm como objetivo te ajudar a concretizar as mudanças que você deseja na sua vida profissional. Confira, abaixo, o que eu planejei!

  1. Montar um portfólio voltado para produção de conteúdo
  2. Atualizar o meu perfil no LinkedIn e começar a produzir conteúdo com consistência na rede
  3. Fazer cursos de marketing de conteúdo
  4. Acionar a minha rede de contatos para comunicar que estou pegando freelas na área de conteúdo
  5. Fazer cadastro nas plataformas de freelas

Vale ressaltar que essas são apenas as grandes ações, mas existem diversas ações menores, por exemplo: escolher site para criar portfólio, definir projetos para portfólio, selecionar os cursos, estruturar texto para enviar à rede de contatos etc.

Você deve ir destrinchando cada uma das ações. Para se organizar, use um planner físico (eu amo) ou use alguma ferramenta online (Asana, Trello ou uma planilha mesmo). Lembre-se de colocar prazos para as ações e cumpri-los!

Uma vida é repleta de transições de carreira

Este foi o passo a passo que conduziu os meus dois processos de transição de carreira. Na época confesso que eu nem tinha muita clareza de que estava fazendo tudo isso, mas quando paro para pensar sei que foi assim que cheguei até aqui.

Por fim, gostaria de falar sobre como estas mudanças profissionais são necessárias e vão acontecer ao longo da vida. Não precisa ter medo ou achar que tudo só dá errado. As pessoas mudam e evoluem ao longo dos anos e, portanto, as necessidades e desejos também se transformam. O que hoje pode te fazer feliz talvez não tenha mais tanto sentido assim daqui a alguns anos.


Leita também: Como planejar o pedido de demissão (ou como evitar se demitir no momento errado)


É preciso estar preparado para estas transições profissionais, pois elas vão acontecer. Faz parte do fluxo natural da vida e significa que você não está acomodado. Se com 26 anos eu já vivi duas mudanças enormes na minha trajetória, tenho certeza de que até os 50 muita coisa terá se modificado. Por mais que hoje eu não consiga enxergar essas transformações, sei que na hora certa elas irão me cutucar e eu vou despertar.

Então, se você tem algo te incomodando por aí e o despertar está acontecendo, faça algo! Permita-se sair da sua zona de conforto e vá atrás do que te faz mais feliz. Se passamos boa parte das nossas vidas trabalhando, então nada mais justo do que buscar satisfação para, cada vez mais, chegarmos à nossa verdadeira essência.


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