“As coisas que você só vê quando desacelera”: 7 conselhos sobre carreira

carreiraliteratura-e-escrita
Bruna Cosenza
3 de setembro de 2020
Livro de Haemin Sunim, A coisas que você só vê quando desacelera, em formato de Kindle em uma estante com outros livros atrás. Há uma vela do lado esquerdo.

Recentemente terminei a leitura do livro “As coisas que você só vê quando desacelera”. O autor, Haemin Sunim, é um escritor e professor de zen budismo da Coreia do Sul. Ao ler a obra, sentia como se o monge estivesse ao meu lado, com uma voz calma, me transmitindo os seus conselhos sobre relacionamentos, trabalho, espiritualidade.

Um dos principais ensinamentos do livro como um todo é sobre o poder que a nossa mente tem para influenciar como enxergamos o mundo. Se tudo vai bem dentro de nós, não é que o mundo parece calmo e agradável? No entanto, se dentro de nós só há pensamentos negativos e trevas, o mundo parece muito sombrio também. Por isso é tão importante conhecer e controlar a nossa mente em um mundo tão frenético.

Gostei tanto do livro que resolvi escrever alguns textos compilando os aprendizados que mais me marcaram. Começando por esse que é sobre trabalho. O monge tem conselhos certeiros que nos fazem refletir sobre a forma que estamos lidando com a nossa vida profissional. Estruturei alguns conselhos a partir de quotes selecionadas do livro. Espero que inspire vocês assim como me inspirou!

1. A busca pela sua vocação não é simples

Haemin Sunim dá vários conselhos em relação à busca pela sua vocação. Quem está no começo da carreira pode usufruir muito bem desses ensinamentos, afinal, quando temos 18 e poucos anos é normal nos sentirmos perdidos. O monge diz o seguinte:

“Em primeiro lugar, uma das razões que tornam difícil descobrir a sua vocação é que você simplesmente não conhece todos os tipos de trabalho que há pelo mundo (…) A maneira mais fácil de se expor a uma variedade de experiências indiretas é a leitura.”

E não é que faz sentido? Realmente, são tantas opções que às vezes nos sentimos afogados. A dica do autor é ler (e eu não poderia concordar mais), afinal, por meio da leitura podemos conhecer diversas realidades. Ele também indica que a leitura contemple biografias, pois assim é possível mergulhar na vida profissional de pessoas de diferentes áreas. Além de ler, eu recomendo também conversar pessoalmente com alguns profissionais de áreas do seu interesse (não será possível conversar com gente de todas as profissões, mas daquelas que mais te interessam).

“Em segundo lugar, é difícil encontrar a própria vocação porque muitos acreditam equivocadamente que devem olhar apenas para dentro de si a fim de descobrir as próprias paixões (…) Ter uma grande variedade de experiências pode ajudá-lo a descobrir a sua paixão interior. Experimente vários empregos de meio período e estágios ou faça trabalho voluntário.”

Esse conselho é ótimo e sempre falo sobre como é importante experimentar, pois só assim descobrimos do que gostamos e do que não gostamos. Foram os anos no CLT em áreas de atuação que não tinha a ver comigo que me fizeram chegar às respostas que me levaram ao lugar que estou hoje. É tentando que aprendemos, portanto, não tenha medo de errar.

“Em terceiro lugar, é difícil encontrar sua vocação sem se conhecer o suficiente (…) Você pode aumentar a autoconsciência interagindo com uma ampla variedade de pessoas nas mais variadas situações. Você vai desenvolver uma compreensão mais profunda de si cultivando relacionamentos, que se tornam um espelho que vai refletir pontos fortes e fracos em várias circunstâncias.”

Aqui, basicamente ele está falando sobre o autoconhecimento, que é muito importante para entender quem você é, seus valores, no que é bom e o que precisa desenvolver. A dica do monge é interagir com as pessoas, afinal, é nos relacionamentos que somos colocados diante de situações variadas. Por meio da relação com o outro, nós nos desenvolvemos e nos reconhecemos.

2. Faça escolhas profissionais sem pensar nos outros

Por muito tempo na minha vida me deixei levar pelo medo do julgamento alheio em relação às minhas decisões profissionais. Eu me lembro de que quando tinha 18 anos e algumas opções de carreira diante de mim, levei demais em consideração o que meus pais, amigos e a sociedade como um todo poderiam achar. Hoje, com o nível de maturidade que tenho, sei que teria decidido por outro caminho se pudesse voltar atrás.

Aprendi que, antes de pensar nos outros, devo pensar em mim. E como o próprio Haemin Sunim diz, as pessoas não estão pensando tanto assim em você e, mesmo que estejam, não se deixe levar por isso.

“Por fim, não escolha sua carreira com base no que os outros vão pensar dessa decisão. A verdade é que as outras pessoas não pensam tanto assim em você. Se acha que vai gostar de algo, não pense muito. Apenas faça.”

3. A faculdade não define quem você é

O ponto aqui é sobre não se permitir definir pelo curso de graduação que você escolheu quanto tinha apenas 18 anos. Nessa idade, nem sempre fazemos decisões que estão alinhadas a quem somos anos depois. É importante não se permitir limitar pela sua formação, pois muita gente deixa de seguir os caminhos do coração por conta disso.

Você sempre poderá traçar outros caminhos e, quem sabe, trabalhar com algo que nem imaginava ser possível quando era mais novo.

“A faculdade em que você se formou não é importante. A vida que escolheu levar após a faculdade é.”

4. Não coloque o dinheiro acima de tudo

Por muito tempo ouvi as pessoas ao meu redor falando que eu deveria me orgulhar de trabalhar em grandes empresas do meio publicitário. Se você olhar o meu currículo, verá grandes nomes por lá, mas e daí? Trabalhei por anos em empresas renomadas e nunca fui feliz. Não menosprezo as experiências, pois aprendi e cresci muito, mas a possibilidade de ganhar mais dinheiro trabalhando com algo me tornava infeliz não era o que eu queria pra mim.

Durante anos eu me senti completamente sem rumo, só ouvindo as pessoas dizerem que eu tinha sorte e poderia crescer muito nesses lugares. Bom, eu escolhi ganhar menos (pelo menos no começo) e ser bem mais feliz. Prefiro viver com menos luxos e ter uma vida que faça sentido para mim do que passar o resto dos meus dias me sentindo miserável.

“Ter liberdade é mais importante do que ter dinheiro. É melhor levar o tipo de vida que você quer do que ganhar mais e ser subjugado. Não venda a sua liberdade.”

5. O sucesso é relativo

O que é sucesso para você? Bom, para mim é ter equilíbrio entre vida pessoal e profissional e manter a minha saúde mental em dia. Quando eu estava no CLT em grandes empresas, muita gente achava que eu tinha uma carreira de sucesso, mas para mim aquilo tudo era o fundo do poço.

Haemin Sunim afirma que não devemos nos deixar levar pela percepção de sucesso dos outros. Encontre o que, para você, significa ser “bem-sucedido”. Coloque o seu coração antes da razão nos momentos em que estiver em dúvida sobre o próximo passo.

“Se uma pessoa insiste que você siga o caminho bem-sucedido dela, mas isso não é o que seu coração deseja, escute o seu coração antes que seja tarde demais.”

6. Não se permita chegar à exaustão

Sabe aquela história de que ficar até tarde no escritório é bonito e te faz crescer profissionalmente? Por favor, se esqueça disso! E não sou só eu que estou falando: Haemin Sunim concorda comigo. Fazer um bom trabalho não significa trabalhar 12 horas por dia e sim entregar com qualidade e eficiência dentro da jornada de trabalho prevista na lei.

“A dedicação ao trabalho não deveria ser medida por quantas vezes você trabalha até tarde ou deixa de tirar férias, mas pela eficácia do seu trabalho e pela contribuição que você dá à empresa.”

7. Fique de olho na rotatividade da empresa

Está aí uma coisa que ninguém me falou quando eu era mais nova, mas o monge Haemin Sunim não nos permite esquecer. Nunca parei para analisar o turnover, ou seja, a rotatividade de funcionários de uma empresa. Só quando já estava no meu último emprego como CLT que percebi que esse índice significava alguma coisa.

Quando as pessoas não ficam muito tempo em uma empresa, quer dizer que algo não vai bem por lá. Afinal, quando o lugar é bom todo mundo fica mais tempo, né? Pense nisso quando estiver avaliando uma proposta de emprego.

“Quando estiver procurando um emprego, tente descobrir por quanto tempo os funcionários ficam na empresa. Isso é mais importante do que o tamanho da companhia ou o salário oferecido. Se as pessoas sempre saem de lá, isso evidencia muita coisa.”


Se você gostou do texto e não quiser perder mais nenhum conteúdo, assine a minha newsletter!

Ah, e acompanhe todos os meus conteúdos nas minhas redes sociais também 🙂