[#16] Um passeio sozinha pela Plaza de España (e muitas sensações)

caneta-solta
Bruna Cosenza
15 de outubro de 2023

Este é o quinto texto sobre aprendizados e reflexões durante o meu período morando em Madrid, em outubro de 2023.

Quem me conhece sabe que adoro desfrutar do meu tempo em minha própria companhia.

Para mim, a rotina só funciona se eu tiver tempo na agenda para realizar algumas atividades solitárias, como ler, escrever, fazer colagens e até mesmo assistir a uma série. Em São Paulo, confesso que, apesar de até gostar, não tenho muito o hábito de sair sozinha.

Aqui em Madrid, no entanto, essa vontade cresce cada vez mais.

Como em apenas uma semana eu já estava me sentindo bastante segura, o desejo de explorar a cidade apenas na minha própria companhia foi aumentando.

O primeiro passeio aconteceu em um dos meus lugares favoritos: a Plaza de España. Sou apaixonada pela energia daquele lugar desde a primeira vez em que coloquei os pés ali, em março de 2022.

Sentei em um banco, tirei um caderninho da bolsa e comecei a escrever enquanto escutava um músico tocando uma espécie de saxofone na praça. O dia estava lindo: céu azul e fresquinho, do jeito que amo.

Depois de um tempo por ali, resolvi explorar os arredores. Passei pelo Palácio Real e fui caminhando sem rumo pelas ruas fofas até chegar à estação de metrô Ópera. Jardins, praças, feirinhas, restaurantes, a cidade vibrava ao meu redor.

O calor exigia uma “cerveza” bem gelada, então saí em busca de alguma mesinha ao ar livre para me sentar e desfrutar da bebida enquanto lia um livro. Com uma cerveja em uma mão e o Kindle na outra, aproveitei mais alguns instantes da minha própria companhia em uma mesinha que ficava em uma bela avenida perto de casa.

Que sensação maravilhosa! Não sei explicar muito bem, mas acredito que tenha relação com Madrid ser muito convidativa. Andar pelas ruas sem medo de ser assaltada e poder desfrutar de lindas praças e uma arquitetura impecável… É tudo tão amplo, limpo e bonito que enche o meu coração de um amor incondicional pela vida que estou tendo a oportunidade de viver aqui.

Até me peguei refletindo porque não faço mais isso em São Paulo e, para ser sincera, lá não tenho muita vontade de me entregar para a cidade. Assaltos, assédio, insegurança, moradores de rua, a necessidade de pegar carro para ir a quase qualquer lugar e, na minha opinião, uma arquitetura pouco harmoniosa, não tornam o ambiente convidativo.

Por lá, acabo desfrutando da minha própria companhia de outras formas. Madrid tem me oferecido a oportunidade de descobrir que andar sem rumo por aí também é uma ótima oportunidade de curtir a solitude. E, enquanto estiver por aqui, tenho certeza de que esses serão alguns dos momentos mais preciosos dessa aventura de autoconhecimento que me propus a viver.