[#12] Quando o medo se transforma em trampolim

caneta-solta
Bruna Cosenza
8 de outubro de 2023

Texto que escrevi um dia antes de ir para Madrid para morar por 1 mês durante outubro de 2023.

Quando você vive em um ambiente com muita proteção, precisa superar muitas barreiras para enfrentar o que é assustador. 

Precisa buscar formas de se libertar do sentimento de que não é capaz de fazer o que dá medo. 

Por muito tempo, a insegurança foi a minha maior companheira. Não me sentia capaz de fazer tantas coisas que desejava pelo simples fato de acreditar que precisava de alguém ao meu lado para me dar segurança.

Tinha medo de dar errado. De me sentir perdida. De não dar conta do recado. De me sentir desamparada.

Até o momento em que entendi que os nossos medos têm outro propósito em nossas vidas além de serem grandes monstrinhos em nossas mentes: nos impulsionar.

Quando permitimos que os medos se tornem maiores do que nós, deixamos de viver. Permitimos que experiências incríveis sejam apagadas e sonhos engavetados. 

Perdemos a oportunidade de desbravar o desconhecido e ultrapassar os medos com toda a coragem que nem sabíamos que tínhamos para, então, sairmos dessas situações amedrontadoras muito mais fortalecidos.

Ontem, enquanto fazia a minha capa de outubro do meu journal, colei uma frase que dizia “cada flor cresce no seu tempo” e me lembrei da Bruna assustada de alguns anos atrás, que jamais colocaria os pés no aeroporto para enfrentar esse mundão sem alguém ao seu lado que fosse sinônimo de segurança.

Precisei de mais tempo do que outras pessoas, mas, enfim, chegou o meu momento tão desejado por tantos anos. E gosto de acreditar que chegou na hora certa.

Para quem vê de fora, é apenas uma viagem. Para mim, é um processo de libertação e de resgate da minha autoconfiança, que ficou adormecida por tanto tempo. 

Para mim, é o adeus à Bruna que encarava tantos medos como uma barreira e não como um trampolim.