Se a vida é uma eterna repetição, como criar válvulas de escape para torná-la mais leve?

autoconhecimento
Bruna Cosenza
24 de março de 2023

Já fui ao show do Coldplay três vezes e é sempre uma emoção muito grande ver a minha banda favorita ao vivo.

Esse ano, no entanto, fui atingida por uma reflexão interessante sobre como, apesar de como deve ser incrível se apresentar para mais de 50 mil pessoas quase todas as noites, ao mesmo tempo parece ser algo extremamente repetitivo.

Na volta do show, compartilhei esse pensamento com o meu cunhado:

“Você não acha que deve cansar fazer sempre o mesmo show?”, perguntei.

E ele respondeu: “Ué, mas a gente também faz todos os dias a mesma coisa no trabalho.”

Quando ele falou isso, fiquei em choque.

Na realidade, eu já sabia que o meu trabalho era repetitivo, assim como o da maioria das pessoas, mas, por algum motivo, havia me esquecido por alguns minutos.

Logo pensei: “é verdade, todos os meses faço a mesma coisa para os meus clientes: definição de pautas, alinhamentos, escrita dos conteúdos, aprovação…”

Não que isso seja um problema, mas fiquei meio assustada.

O ponto é que a vida é meio repetitiva mesmo, inclusive o nosso trabalho. E eu, que não gosto de rotina, fico incomodada quando sinto que estou caindo na mesmice todos os dias.

Então, se a vida é, em sua maioria, uma eterna repetição, a grande pergunta é como podemos criar válvulas de escape que vão além dos finais de semana e das férias?

Você se sente dona da sua rotina?

Uma das principais razões para me tornar freelancer foi a questão da liberdade, ou seja, poder escolher quando, como e de onde irei trabalhar.

Detestava sentir que era obrigada a ficar pelo menos 8 horas por dia no escritório (mesmo quando terminava as minhas tarefas antes) só porque tinha uma empresa me obrigando a isso.

A vida freelancer me permite sair da rotina com muito mais facilidade e sentir que a vida não é uma eterna repetição. Mas mesmo quem é CLT pode buscar formas de fazer isso: a diferença é que será preciso encontrar uma empresa que entenda quem é o dono da sua rotina.

Quando você assume essa mentalidade e está trabalhando em um lugar e com pessoas que respeitam essa forma de viver, tudo fica mais fácil.

Quais são as suas válvulas de escape?

Tenho horror a pessoas que vivem esperando os finais de semana e as férias para “serem felizes”.

Gente, a vida é muito curta para se viver de verdade somente nesses momentos. Trabalhar não precisa ser a maior paixão da sua vida, mas também não deve ser um fardo.

Acredito que cada um deva encontrar a sua forma de escapar dos ciclos de repetição para ter um dia a dia mais leve e feliz.

Eu, por exemplo, não abro mão de algumas atividades como ler, escrever no journal, fazer colagens e realizar exercícios físicos. Por mais que tudo isso faça parte da rotina de alguma forma, me tira do piloto automático também (aquele ciclo de acordar, trabalhar e dormir).

Mas, para ir além, gosto de ter uma agenda flexível, sabe? Às sextas-feiras costumo fazer expedientes mais curtos ou, se possível, não trabalhar.

Durante a semana, às vezes tiro um período do dia para visitar a minha avó, sair com a minha irmã ou jantar com os amigos. São coisas que não faço sempre e que, quando acontecem, deixam o dia mais gostoso.

A leveza está aí: em entender que sim, há muitas coisas iguais nos meus dias, mas o meu poder está em não me tornar refém da repetição.

Toda rotina tem o seu brilho

Acredito que, apesar de um pouco chata às vezes, a rotina é saudável e importante para o nosso bem-estar.

Ao aprender a utilizá-la da melhor forma, pode ter certeza de que você começará a sentir um peso menor, ou seja, uma sensação menor de mesmice. Porque aquilo que ficará realmente marcado na sua vida não é a repetição, e sim tudo aquilo que te ajuda a escapar e traz algum brilho para os seus dias.