O relógio marca 22:13. Menos de 2 horas para completar 29 anos.

Mais um ciclo se completa. E já carrego muito mais sabedoria, dores e conquistas do que poderia imaginar quando era apenas uma jovem no auge da adolescência sonhando com um futuro incerto.

Os cabelos brancos me lembram quase diariamente que o tempo passa. Mas muito mais do que os sinais físicos da idade, o que vem envelhecendo é o meu interior.

E, por envelhecer, não entenda algo negativo. A idade avançada é boa em muitos sentidos.

Menos expectativas, menos ilusões, menos esperas, menos medos.

Mais pé no chão, mais vontade de fazer acontecer, mais coragem pra viver cada segundo como se pudesse durar uma eternidade.

E o mais importante: mais clareza sobre quem sou, o que amo e o que desejo para mim.

A idade é um número que representa mais do que os cabelos brancos. Representa todas as experiências e batalhas vividas até então. Representa todas as Brunas que já passaram por aqui.

E não foram poucas. Será que é possível ser tantas dentro de uma só?

Um dia sou a Bruna que ama NBA, coloca um coturno e bebe uma cerveja com os amigos até altas horas.

No outro, a Bruna que veste uma roupa que resgata a doçura da infância, escuta sem parar Taylor Swift e assiste aos filmes preferidos da adolescência na delícia da própria companhia.

Universos muito diversos compõem uma mesma Bruna e, talvez, você só conheça alguns deles — aqueles que eu permito que você enxergue. Até porque eu mesma sinto que estou o tempo todo descobrindo novas versões que permanecem adormecidas.

E o quão maravilhoso é isso?

Permitir que várias Brunas passem por aqui e complementem o meu ser. Cada uma delas me ensina algo e faz parte de quem fui, sou e serei. Cada uma delas me dá orgulho, mesmo as mais imperfeitas.

E espero que todas continuem por aqui…

Porque eu amo ser a pessoa que é fã de comédias românticas como uma adolescente apaixonada ao mesmo tempo que dança funk com as amigas até altas horas e fica sozinha no seu mundinho escrevendo, desenhando e fazendo colagens…

Amo ser essa pessoa que é tantas dentro de uma.

E, cada vez mais, percebo que ser assim exige coragem para assumir tantas facetas diferentes. Já são 29 anos me descobrindo, mergulhando e me aventurando dentro de mim mesma.

E tem sido uma jornada difícil e bonita ao mesmo tempo. Longe das superfícies, navegando por mares turbulentos e profundos. E aceitando cada uma das minhas imperfeições como parte um ser humano que escolheu viver sempre em evolução. Porque se tem algo em comum entre todas as versões da Bruna é que nenhuma delas é capaz de ficar para sempre no mesmo lugar.