Por que você invisibiliza a sua dor?

autoconhecimento
Bruna Cosenza
19 de agosto de 2021

As minhas últimas sessões de terapia deram luz para um tema sobre o qual eu não tinha parado para pensar até então: pessoas que invisibilizam aquilo que dói, que incomoda.

Todo mundo faz isso em alguns momentos da vida, afinal, é tão difícil encarar o que machuca, não é mesmo? O problema é quando invisibilizamos aquilo que precisa ser resolvido e, aos poucos, vai acumulando até que uma hora não é mais possível carregar o peso.

Sabe quando ignoramos algo que o outro faz e que nos incomoda só pela preguiça ou o medo de encarar e discutir a questão? Por experiência própria, posso dizer que essa é uma das atitude mais nocivas que você pode adotar no seu relacionamento com as pessoas. Por isso, resolvi escrever este texto para expor as minhas reflexões e, quem sabe, ajudar aqueles que ainda invisibilizam o que precisa ser dito e sentido!

Quando falamos, permitimos que o incômodo ganhe espaço

Muitas vezes, é mais fácil evitar falar sobre algo porque quando mantemos os problemas e incômodos apenas na nossa cabeça parece que impedimos que eles cresçam.

Vamos supor, por exemplo, que o seu namorado é um viciado em ficar no celular o tempo todo e você já deu algumas indiretas sobre como isso te incomoda e afeta o relacionamento. No entanto, nunca parou para, de fato, expor o problema, colocar luz na questão e realmente discutir o que pode ser feito para melhorar.

Você tem medo de que, ao falar, o problema ganhe vida, uma magnitude muito maior do que você gostaria e acabe interferindo negativamente no relacionamento.

Porém, ao evitar falar sobre os seus incômodos, ou seja, ao invisibilizá-los, você acha que a questão vai se resolver sozinha. É como se ignorar o problema fosse torná-lo menor ou fazê-lo desaparecer repentinamente.

A má notícia é que, dificilmente, ele sumirá. A tendência é que vire uma bola de neve até explodir. Você evita falar sobre o problema porque não quer que ele ganhe espaço na sua vida, mas ao deixar de expor e trabalhar a questão, ela vai crescendo e ganhando um espaço que sufoca e incomoda mais ainda.

A exposição é sinônimo de vulnerabilidade e conflitos

Em qualquer circunstância ou relacionamento a exposição é difícil. Não é fácil virar para o parceiro, para a mãe ou para um amigo e dizer: “Ei, você está me incomodando, está me machucando, vamos falar sobre isso?”.

Exige uma coragem enorme, é verdade. Mas o que seria de nós sem a comunicação?

Precisamos ser capazes de expor ao outro os nossos incômodos e dores para trabalhá-los da melhor forma possível e impedir que tomem conta de nós ou destruam as nossas relações.

É claro que tal exposição acaba despertando a nossa vulnerabilidade e, possivelmente, gerando conflitos. É normal se sentir exposto e até mesmo impotente. Mas tenho certeza de que, por mais doído que seja, é melhor do que optar por invisibilizar aquilo que é desagradável.

Dê espaço para as coisas ruins da sua vida serem resolvidas

Em um primeiro momento pode parecer mais fácil invisibilizar sentimentos ruins e incômodos. Uma pessoa te perturba, mas você não diz nada. Você tem medo de algo, mas não tenta trabalhar a questão. Seu trabalho te incomoda, mas você não fala sobre isso para tentar encontrar uma solução.

Muitas pessoas têm a tendência de deixar na sombra aquilo que dói, assusta, machuca, incomoda. A princípio, parece uma boa estratégia, mas depois as coisas tomam uma proporção gigantesca.

Não se esqueça de que, para resolver algo, é preciso falar, dar espaço, visibilizar, colocar luz.

Só você pode expor o que sente, o que faz mal, o que dá medo, o que tira suas noites de sono, o que perturba os seus pensamentos. Ninguém poderá obrigá-lo a se abrir, então, caso se sinta bloqueado, pergunte-se: por que você invisibiliza a sua dor?

O que há por trás da sua incapacidade de colocar para fora o que machuca e incomoda?

Lembre-se: a única forma de curar aquilo que machuca é dando espaço para esse incômodo na sua vida. Pode ser por meio de uma conversa, da escrita, da terapia, da meditação. Existem muitas maneiras de externalizar as nossas dores para que elas não se tornem monstrinhos muito maiores do que realmente são.


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