O ser humano e seus questionamentos sobre a existência

autoconhecimento
Bruna Cosenza
24 de junho de 2017

O ser humano sempre questionou o seu lugar no mundo. Existir por existir nunca lhe bastou. Ele sente a necessidade de entender a razão da sua existência e os motivos das coisas que o cercam. O problema é que não necessariamente ele encontra as respostas que busca. Até porque pode ser que não existam respostas.

Vira e mexe me pego em papos de botequim extremamente reflexivos com as minhas amigas. Outro dia, chegamos a um questionamento sobre a nossa existência: “A vida é isso?”. Ficamos nos perguntando se a vida é trabalhar 8 horas por dia, perder um tempão no trânsito caótico da cidade e sentir uma incompletude esquisita dentro de si mesmo. Por alguns segundos, gelei. Naquele instante me dei conta de que eu passava mais tempo no trabalho do que com a minha família. Percebi que eu ficava mais tempo dentro do carro do que lendo um livro. E, finalmente, me dei conta de que várias vezes ao dia me pegava com uma sensação esquisita dentro de mim.

A vida é isso? Não é possível que a vida seja isso. Afinal, qual é a razão disso tudo se vamos todos morrer no final da história? Por que eu passo mais tempo no trânsito do que fazendo exercícios, vendo um filme ou lendo um livro? Por que eu vejo mais as pessoas do trabalho do que os meus pais? Por quê?

Provavelmente porque alguém inventou essa dinâmica anos atrás. Alguém definiu que devemos nascer, crescer, trabalhar, ter uma família, e morrer. É lógico que no meio do caminho vivemos coisas incríveis também, mas se tudo vai virar pó, fica difícil entender certas coisas. Se a cada dia que passa meus pais ficam mais velhos, por que eu não passo mais tempo com eles? Se existem milhares de livros para ler, por que eu perco tanto tempo desnecessário no trânsito?

O problema é que algumas coisas simplesmente são. Eu tenho o direito de me rebelar e viver uma outra vida, de tal forma que eu fique menos tempo no trânsito e dê mais atenção para os meus pais. No entanto, além de não ser tão fácil assim, pode ser que isso não mude o fato de que vou continuar me questionando sobre várias vertentes da existência.

A questão é que se questionar é bom e necessário, mas temos que tomar cuidado para isso não nos impedir de viver. Sim, a vida é tudo isso que eu falei, mas ela não precisa ser só isso. E tudo depende da ótica que a gente dá para as coisas – se a gente quiser, a vida pode ser apenas um punhado de negatividade, independente de tudo de bom que esteja acontecendo ao nosso redor.

E se enquanto estiver no trânsito, eu decidir escutar um podcast que me enriquece intelectualmente ou me diverte? E se enquanto estiver no escritório pensando nos meus pais, eu tiver uma ideia brilhante para o projeto que estou trabalhando, deixando-os orgulhosos no final do dia? E se…?

Continuar se questionando faz parte, mas não pode ser o todo. No final das contas, sempre temos duas saídas: fazer o melhor com o que temos em mãos ou respirar fundo e encarar uma nova realidade que decidimos ser melhor para nós – seja mudando de cidade, se demitindo do trabalho, ou se engajando numa causa que vai trazer paz de espírito.

E, por fim, sempre que se questionar se a vida é isso, se lembre de que a vida não é isso. A vida pode ser tudo o que a gente faz dela e isso só depende de nós.