O analógico que proporciona conexão e reencontro

autoconhecimento
Bruna Cosenza
9 de junho de 2022

As telas que me perdoem, mas sou fã de carteirinha do mundo analógico. Mês passado li uma matéria na revista Vida Simples que falava sobre alguns prazeres que apenas os objetos analógicos proporcionam.

E, com isso, fiquei pensando bastante sobre a minha relação com os livros, cadernos, fotografias impressas e outros objetos. Sou uma pessoa que, apesar de enxergar todos os benefícios da tecnologia, sente falta de um mundo que nem conheci direito, em que não existiam mensagens instantâneas, aplicativos, redes sociais e livros digitais.

O analógico nos conecta com quem somos

A matéria da Vida Simples me lembrou de algo óbvio, mas que há muito tempo não parava para pensar sobre.

“Penso que alguns objetos têm o poder de devolver para nós um pouco do que a gente é.”

É bem isso que eu sinto quando escolho fazer uma coleção de cadernos e escrever sobre os meus sentimentos no papel. Ou quando abro um livro e me apaixono pela experiência de folhear as páginas amareladas enquanto leio.

Nasci em 1993, época em que o meu pai comprava filmes da Kodak para colocar nas câmeras e registrar os momentos mais especiais da nossa família. Fomos à Disney quando eu tinha sete anos e me lembro de como escolhíamos com cuidado onde e quando tiraríamos as fotos, afinal, eram limitadas. Quando voltamos para o Brasil, a ansiedade para levar o filme para a revelação e ver os registros era grande. 

Tudo exigia mais tempo e paciência.

Hoje, sinto falta de mais fotografias impressas mais recentes na minha casa. O digital facilitou demais todo o processo, mas gosto de ter os cômodos cheios de fotos com recordações de momentos especiais. Por isso devo ter ficado tão feliz quando ganhei uma câmera polaroid. Era a oportunidade que eu precisava para resgatar o hábito de tirar e revelar fotos (com o benefício de que seria instantâneo).

Essa câmera me fez refletir com mais cuidado sobre a fotografia, pois agora me encontro diante de uma limitação: cada filme só possui dez possibilidades de fotos. E que mágico tem sido fugir um pouco do universo ilimitado da tecnologia e me reconectar com um processo esquecido por tanto tempo, que é permeado pela calma e o contato físico.

Foi como se eu tivesse reencontrado a Bruna de sete anos de idade que viajou para a Disney.

Um mar de sensações e memórias

Não foi fornecido texto alternativo para esta imagem

Para mim, o analógico proporciona muitas sensações e memórias especiais. Quando pego um diário da adolescência, uma carta escrita à mão que recebi de aniversário ou um álbum antigo de papel de cartas, sinto que volto no tempo.

É como se eu tivesse ali em mãos uma relíquia muito preciosa que representa diferentes fases da minha vida. 

Os arquivos digitais podem até ser preservados na nuvem, mas é isso: sempre ficarão dentro de um dispositivo, seja um computador, tablet ou celular. Nunca estarão ao alcance das mãos.

E eu adoro tocar, sentir, abraçar. Tudo isso faz muita diferença e, é claro, me deixa mais feliz.

Um convite ao resgate

Livros digitais ocupam menos espaço. Porta-retratos digitais são mais fáceis de usar. Assistir filmes exige apenas um toque no controle remoto da televisão. Escutar músicas só se for no streaming.

É claro que tudo isso e muitos outros avanços da tecnologia são facilitadores do nosso dia a dia. Mas quem aí não sente saudades de quando alugar um filme para o fim de semana na Blockbuster era um grande evento? Ou quando ficávamos ansiosos esperando o lançamento do CD do nosso artista favorito?

Não existe ruim e bom ou certo e errado. Existem mudanças e possibilidades. O que quero dizer com este texto não é que você deve enxergar o lado ruim da tecnologia e abraçar apenas o analógico.

Quero dizer apenas que um resgate àquilo que é possível tocar, cheirar e sentir pode ser bom de vez em quando. Essa é uma das formas mais preciosas de se aproximar da sua essência e criar conexões afetuosas com si mesmo e com o mundo ao seu redor.


Gostou desta reflexão? Continue acompanhando meus textos no LinkedIn e Instagram!