Certo dia, um ente querido comentou comigo sobre a morte de um conhecido. Perguntei como ele fazia para lidar com tantas perdas ao longo da vida. Ele me respondeu:

“Estamos aqui só de passagem, precisamos aceitar isso, caso contrário, a vida se torna um eterno sofrimento”.

Fiquei com essa frase martelando na minha cabeça: “Estamos aqui só de passagem”. E que passagem… Temos essa mania de acharmos que somos seres infinitos, que tudo bem se não fizermos algo hoje porque sempre há o amanhã, que o fim está muito distante de nós. E essa atitude é compreensível, até porque viver pensando no fim, não é viver.

Mesmo assim, por que deixar o hoje para amanhã? Por que não fazer essa passagem ser incrivelmente surpreendente hoje? Afinal, se estamos aqui só de passagem mesmo, não tem problema errar, fazer besteiras e se arrepender, pois no final das contas é tudo um grande aprendizado que todos levamos para o mesmo destino final.

Durante o tempo em que vivemos, tocamos inúmeras vidas de uma forma singular. E tudo, absolutamente tudo o que fazemos ou falamos, afeta direta ou indiretamente outras pessoas. Deixamos marcas que não somem nem com o tempo e esse é, com certeza, o maior legado da existência de cada indivíduo. Você está aqui hoje, e se amanhã não estiver mais, todas as marcas deixadas em outras vidas permanecerão. A sua ausência física não te torna menos relevante para quem fica.

Afinal, uma coisa é certa: a passagem de cada pessoa por aqui carrega milhares de significados. Nada é em vão. Sim, estamos aqui só de passagem. E, ao mesmo tempo em que isso cria a maior aflição da humanidade, é também um motor para que todos os dias façamos dessa passagem algo intensamente surpreendente.