A arte de saber esperar

autoconhecimento
Bruna Cosenza
28 de novembro de 2017

Não é fácil esperar. Esperar pelo amor que não vem; esperar pelo sonho que não se realiza; esperar pela amizade que não se concretiza; esperar pelo futuro incerto; esperar por algo que pode nem chegar.

Esperar exige maestria, sabedoria e, principalmente, paciência. E vamos combinar que a paciência está bem em falta hoje em dia, principalmente porque somos uma geração que quer tudo para ontem. Eu, particularmente, tenho sentido cada vez mais os efeitos nocivos dessa intolerância à espera.

Já sou ansiosa por natureza, mas tudo ao meu redor parece fortalecer ainda mais essa ansiedade. E, então, toda vez que preciso aguardar por alguma coisa: seja algo simples e bobo ou algo realmente importante, eu quase saio arrancando os cabelos por ai de tanta ansiedade.

Fico criando histórias na minha cabeça sobre os motivos da demora, o que só me causa mais desespero. Quando vejo, já estou sofrendo por antecipação por algo que nem sei ainda como será. O pior de tudo é que sei o quão nocivo isso é. Sei como me faz mal e como me causa angústias às vezes desnecessárias. Porém, confesso que é difícil evitar.

Num mundo em que temos a internet na palma da mão, com o Google, o Facebook e o WhatsApp nos conectando o tempo todo com o mundo, fica cada vez mais doloroso ser paciente e aguardar. Sim, às vezes tudo o que precisamos fazer é aguardar. E aguardar significa de certa forma “não fazer nada”, o que pode ser o maior desafio que enfrentamos hoje em dia.

Olha, por experiência própria digo que saber esperar é um dom muito valioso atualmente. Se eu pudesse mudar algo em mim, com certeza seria a ansiedade. Gostaria de ser mais leve, menos preocupada, e criar menos histórias malucas na minha cabeça quando sou obrigada a esperar por algo.

Sei que não sou a única assim e realmente não sei dizer se dou risada ou se choro com isso. Tenho pena de nós, essa geração de jovens completamente mergulhada nas tecnologias e ansiosa por natureza. Sei que em grande parte somos assim pelo contexto no qual vivemos, mas também sei que temos a nossa parcela de culpa por cultivarmos essa ansiedade dia após dia.

Deve ser por isso que as práticas de yoga, meditação e tantas outras estão voltando com tudo. Estamos sentindo essa necessidade de parar e respirar. Essa necessidade de fazer a nossa mente ficar em silêncio por alguns instantes. E é isso que tento fazer também: respirar fundo e torcer para que o pouco de tranquilidade que alcanço no meu dia a dia seja o suficiente para brecar essa ansiedade que, em muitos momentos, parece me consumir.