[#10] Sair da casa dos pais é um ato (necessário) de coragem
Quando eu tinha uns 15 anos, me iludia com a ideia de que logo depois do meu aniversário de 18 sairia da casa dos meus pais e conquistaria a tão almejada liberdade.
Foi só entrar no mercado de trabalho para entender que não seria tão simples assim… Com um salário de publicitária recém-formada de R$2500,00 era impossível bancar o padrão de vida desejado.
Pois é, a vida dá voltas e mais voltas, e acabei saindo da casa dos meus pais muito mais tarde do que imaginava, apenas aos 28 anos. E direto para morar com o meu companheiro.
Hoje, exatamente 1 ano após essa mudança, tenho total clareza de que sair da casa dos pais é um ato importantíssimo para a construção da identidade e independência de qualquer ser humano. E mais: é um ato de coragem, porque realmente está longe de ser tudo aquilo que eu idealizava.
É uma delícia? Com certeza. Mas também é difícil pra caramba! E não me lembro de ninguém ter me contado isso.
Lá fui eu procurar um apartamento, comprar todos os móveis, lidar com as burocracias… Mas essa nem é a parte mais complexa.
Sempre fui muito organizada e responsável, mas cuidar de uma casa é outra história, rapaz! Ainda mais quando há outra pessoa dividindo o mesmo espaço com você. Hábitos e rotinas totalmente diferentes entram em conflito imediatamente e o caos se instala.
Ao mesmo tempo que é incrível ter esse poder de decisão sobre como serão as coisas na sua casa, também é muito chato ter que fazer tudo. E sair da casa dos pais (de verdade) é sobre isso: dar conta de tudo sozinho.
Só para começo de conversa, é sobre não ter mais ninguém para lavar as suas roupas, consertar as coisas que quebram, pagar as contas e cozinhar as suas refeições. Criar um rotina de atividades para que as coisas aconteçam quando precisam acontecer é mais desgastante do que eu imaginava.
Mas também tem o seu lado bom: é magicamente libertador não ter mais aquela dependência dos seus pais.
E vamos combinar que você só terá saído de verdade da casa deles quando for um ser humano totalmente independente.
E isso não quer dizer que eles não possam te ajudar e aconselhar. Graças a Deus temos os nossos pais para isso, mas a pergunta é: se eles sumissem do mapa hoje, você daria conta do recado?
Lavaria as suas roupas, cozinharia a sua comida, arrumaria a sua casa, pagaria as suas contas, consertaria as coisas que quebram, resolveria os B.Os que surgem de vez em sempre? Saberia com quem falar, o que fazer e quando fazer?
Para mim, essa é a verdadeira independência!
O laço entre pais e filhos é eterno. Sempre vai ser uma delícia comer aquela comidinha que só a sua mãe sabe fazer ou pedir um conselho em relação a algo que você ainda não tem experiência, mas a independência só acontece de fato quando, no dia a dia, a sua vida flui naturalmente sem eles.
Ou seja: você realmente é dono do próprio nariz, sabe?
É claro que vamos conquistando isso aos poucos, é um processo, mas acho importante lembrar. Vejo muita gente que se diz independente porque saiu da casa dos pais, mas continua levando roupa para lavar, precisando de ajuda para pagar contas, não sabendo resolver os problemas do dia a dia, e por aí vai…
Sendo bem sincera, sair da casa dos pais é muito mais do que mudar de endereço. É sobre criar uma nova dinâmica de vida. Uma vida só sua, em que você dita as regras.
Ter os nossos pais como rede de apoio é ótimo, sou muito grata por isso. Mas hoje, após 1 ano morando sozinha, entendi que a independência vai muito além de morar em uma casa diferente. É sobre conseguir fazer as coisas acontecerem sem a necessidade da presença constante deles.
E se isso não é um baita ato de coragem, não sei o que é! 😉