[#9] Convivendo com culpa: a importância de conhecer os seus limites
Culpa.
Uma companheira constante por aqui.
Culpa por estar doente.
Culpa por precisar remarcar a aula de funcional.
Culpa por não trabalhar um dia inteiro (mesmo já tendo cumprido todas prioridades da semana).
Culpa por desmarcar o encontro com os amigos.
Culpa por não querer socializar.
Culpa. Culpa. Culpa.
De acordo com o dicionário, o significado dessa palavrinha é:
“Consciência mais ou menos penosa de ter descumprido uma norma social e/ou um compromisso (afetivo, moral, institucional) assumido livremente.”
Esta reflexão sobre a culpa me perseguiu bastante na última semana. Desde terça-feira, estava me sentindo resfriada, com dor de garganta e indisposição.
Consegui manter todas as entregas do trabalho em dia, mas o resto desandou. Exercícios físicos abandonados, terapia desmarcada, encontros com os amigos postergados.
Os últimos finais de semana foram intensos, com pouco tempo para descanso e reconexão interna. Parece que, justamente por isso, o meu corpo está me obrigando a parar.
É sempre assim: ele me avisa quando preciso de uma pausa.
Normalmente, a minha imunidade cai e fico doente, assim como aconteceu essa semana.
Mas tudo isso me trouxe mais do que reflexões sobre a exaustão física e mental. Também fiquei refletindo muito sobre a culpa.
Por que sinto tanta culpa por precisar adiar ou postergar tarefas e compromissos, se estou fazendo isso apenas porque meu corpo está me pedindo?
Não remarquei a aula de funcional porque estava com preguiça, mas porque sabia que não tinha condições de realizá-la. Não adiei o encontro com a minha amiga porque não queria vê-la, mas porque sabia que não estaria 100% presente. Não fiquei sem trabalhar um dia da semana porque sou folgada, mas porque já tinha feito todas as entregas necessárias e me sentia sem energia para adiantar as demandas da semana seguinte.
Há uma justificativa clara para tudo e, ainda assim, me sinto culpada.
A única coisa que me vem à mente com tudo isso é como somos condicionados a viver no modo acelerado. Sempre produzindo, socializando ou fazendo algo (independentemente do que seja). Ficar parado? JAMAIS.
E para uma pessoa introspectiva, como eu, isso é muito cansativo. Adoro estar com amigos e familiares, mas a minha energia é sugada em eventos sociais. Também preciso de tempo sozinha para me sentir equilibrada.
Essa necessidade de estar sempre ativa não é novidade, mas me pegou de jeito essa semana. A culpa vindo de todos os lados por não ter concluído com sucesso tudo o que precisava fazer, deixando vários compromissos para depois…
Não tenho uma solução mágica para esse sentimento. Sei que preciso trabalhar a questão internamente e aceitar que esse modo de viver não é o melhor para mim.
Está tudo bem se acolher do jeitinho que você é.
Dizer “não” para alguns encontros sociais, aceitar que você precisa recarregar as energias de vez em quando… E mais: entender que tudo tem um limite. O corpo e a mente precisam estar em sintonia para que você possa continuar produzindo.
Em alguns momentos, essa sintonia vai se desestabilizar, como aconteceu comigo essa semana. Nessas horas, apenas aceite o seu tempo de recuperação. As coisas vão voltar ao ritmo normal, não adianta querer apressar o processo e, muito menos, se culpar.
Lembre-se de que tudo isso é apenas a vida, correndo o seu fluxo natural.