[#7] Um relato de busca pela fé
Há exatamente 1 mês, a minha avó materna faleceu.
Após 20 dias internada, aos 95 anos, chegou a hora dela fazer a sua passagem. Essa foi a minha primeira experiência de morte de uma pessoa muito próxima. Não sabia como seria, nem como reagiria.
A morte sempre desperta algo em nós, seja dor, medo ou questionamentos. Por aqui, nunca tive uma religião ou fé incondicional em algo e, por 29 anos, vivi assim.
Em 2021, quando a minha outra avó faleceu, comecei uma busca tímida nessa esfera por meio da leitura de livros sobre a Doutrina Espírita e assistindo a alguns documentários. Mas não passou muito disso.
Agora que a perda foi maior, o vazio também cresceu. Não ter nada que pudesse me dar um conforto tornou o processo mais difícil. E, após elaborar internamente, entendi que tinha chegado a hora de iniciar essa busca.
Alguns acreditam que a vida é só isso mesmo, um fato científico e que, quando morremos, tudo acaba. Outros acreditam em reencarnação. Não sei em que acredito e, por isso, aqui dentro há um incômodo que não consigo nomear.
Tenho conversado com algumas pessoas e elas têm compartilhado comigo um pouco sobre as suas experiências e crenças.
Uma amiga me contou que, quando era mais nova, ia a vários lugares diferentes com a mãe, e notou que, apesar das diferenças, todas as religiões tinham um ponto em comum: fazer o bem, amar o próximo. Com isso, ela entendeu que o mais importante não era decidir qual era a sua religião, mas ter fé em Deus e fazer o bem sempre.
Outras duas pessoas me contaram que também não seguem uma religião específica. Já frequentaram vários lugares e foram absorvendo o que gera conexão para, assim, criar a própria fé a partir daquilo que faz sentido para elas.
Nunca tinha pensado dessa maneira. Sempre achei que precisava decidir qual era a minha religião e segui-la. Confesso que tenho dificuldades para “sair das caixinhas predefinidas”.
Como tudo o que envolve autoconhecimento, a busca pela espiritualidade (que não necessariamente tem relação com religião) é desafiadora. Exige que a gente se questione e saia da zona de conforto. Sei que as respostas que busco não chegarão até mim se não me movimentar.
Mais do que aderir a uma religião, quero encontrar um significado para a existência e ter fé, seja ela qual for. Para desenvolver a espiritualidade, sei que não preciso me conectar a uma religião específica e sim criar um vínculo com aquilo que me toca.
O primeiro passo tem sido me abrir. Conversar com as pessoas e começar a frequentar diferentes ambientes para entender o que se conecta comigo e o que faz sentido para a minha jornada como ser humano.
Não é nem um pouco fácil, mas tenho certeza de que, lá na frente, vou agradecer por esse passo tão importante que estou dando para preencher um vazio que se instalou aqui dentro e demorei anos para encarar.