A exaustiva batalha que travamos contra nós mesmos

cronicas
Bruna Cosenza
26 de agosto de 2021

Era sábado de manhã. Acordei com o humor deprimido, exausta, sem ânimo para nada, enjoada, me sentindo sufocada. Na noite anterior, tínhamos bebido vinho. Será que era ressaca?

Achei que, ao longo do dia, tudo aquilo iria passar, mas só se intensificou ainda mais. A vontade de não fazer nada, de ficar jogada na cama remoendo os meus sentimentos era maior do que tudo. Mesmo assim, me esforcei (sem sucesso) para viver aquele dia com um pouco mais de ânimo.

A esperança era de no dia seguinte acordaria melhor, afinal, já tinha me convencido de que era ressaca ou covid-19 (qualquer exaustão hoje em dia já acho que estou com covid-19, não tem jeito).

O domingo chegou e, com ele, veio a falsa sensação de que eu havia melhorado, mas o dia se arrastou novamente. O céu estava azul, o vento batia no rosto e o sol brilhava lá no alto, mas dentro de mim eram só trevas.

Um medo irreal de algo que eu nem sabia o que era. A preocupação com coisas que não merecem um pingo de preocupação. A sensação de que uma bola de pelo estava parada no meu peito e o ar não entrava. Respirar fundo ajudava, mas não era o suficiente.

O que estava acontecendo comigo? Será que eu estava eternamente presa em uma crise de ansiedade?

O domingo terminou e quando a segunda-feira chegou estava confiante de que acordaria melhor. Tinha um plano: me conectar com a natureza, fazer yoga, meditar. Queria tentar me reconectar comigo mesma, encontrar a Bruna tranquila que sei que existe em algum lugar dentro de mim. Juro que fiz tudo isso, mas, mesmo assim, a sensação de sufocamento, o enjoo e o humor deprimido continuaram.

Nesse momento, já estava entregando os pontos. O que mais eu poderia fazer? Pelo menos a terapia era no dia seguinte e eu poderia despejar todos esses sentimentos sem sentido e tentar me entender um pouco melhor.

Na terça-feira, acordei me sentindo menos sufocada, como se a bola de pelo tivesse se dissipado. Não sei para onde ela foi, mas tenho certeza de que ainda vai me visitar outras vezes. Contei tudo isso na terapia e não consegui chegar a nenhuma grande conclusão: como a minha psicóloga falou, parece que falta uma narrativa para o meu mal-estar. Talvez ele seja apenas um acumulado de muitas coisas.

Ultimamente, a minha vida tem sido uma montanha-russa emocional de baixos e baixos (sem altos, infelizmente). Dou sorrisos carismáticos e fico quieta no meu canto para disfarçar, mas a verdade é que o limite já foi ultrapassado há muito tempo. Pensamentos dolorosos cruzam a minha mente dia após dia e, mesmo fazendo o meu melhor, parece que às vezes vou desabar mesmo, não tem como.

A ansiedade tem sido a minha companheira de vida há 27 anos e não parece que tem pressa para tirar férias ou se aposentar. É como uma sombra que me persegue todos os dias. Às vezes, sinto que sou maior do que ela e me esqueço de que está ao meu lado constantemente. Mas, boa parte do tempo, ela me lembra da sua força gigantesca e de como me sinto vulnerável e impotente ao seu lado.

Não tem sido fácil, é verdade. Esses três dias foram sufocantes, mais desesperadores do que eu gostaria e muito dolorosos. Gostaria de não revivê-los nunca mais, mas algo dentro de mim me diz que ainda há um longo caminho para percorrer.

Estou em constante transformação, evolução e aprendendo sobre mim, sobre meu corpo e a minha mente. Faço o que posso, o que consigo, o que acredito ser melhor, mas nem sempre será o suficiente. Talvez, aceitar isso, seja um primeiro passo para me reconectar comigo mesma e fazer as pazes com quem sou.

Às vezes, em dias difíceis, tudo o que peço para forças superiores é: por favor, me ajude a mudar, não quero mais ser assim, estou cansada de mim mesma.

Mas a realidade é dura e essa sou eu: cheia de medos, defeitos, inseguranças, aflições e ansiedades em excesso. E me parece que se eu não aceitar isso logo, a minha vida será uma eterna batalha contra mim mesma.


Se você gostou deste texto e não quiser perder mais nenhum conteúdo, assine a minha newsletter!

Ah, e acompanhe todas as minhas reflexões e textos nas minhas redes sociais também: