Você tenta controlar tudo ou deixa a vida te surpreender?
Comecei a fazer terapia esse ano e tem sido um lindo processo de descobertas e autoconhecimento. É claro que algumas sessões são mais surpreendentes do que outras, mas, no geral, o sentimento é sempre de gratidão por estar fazendo algo por mim e pela minha saúde mental.
Em poucos meses, (re)descobri coisas importantes sobre mim mesma, sendo uma delas a minha necessidade constante de controlar tudo ao meu redor. A minha vida de freelancer ressaltou ainda mais essa característica, pois o tempo todo me sinto em uma corda bamba e com medo das coisas não saírem como o planejado.
Por mais que, no fundo, eu já soubesse isso, quando a sua psicóloga diz de uma forma tão bem construída e bonita que você tem essa tendência, parece que as coisas ficam mais claras. Só quem faz terapia vai entender o que são esses “clarões” de entendimento sobre si mesma.
Desde então, venho pensando muito sobre isso e procurando entender como posso trabalhar essa característica com mais equilíbrio nas diferentes esferas da minha vida. Imagino que muita gente passe por isso também e, por isso, não poderia deixar de escrever sobre o assunto!
A necessidade constante de cuidar de tudo ao nosso redor
Algumas pessoas são como eu: querem cuidar de tudo para garantir que nada, absolutamente nada, saia do lugar. Temos medo de sermos surpreendidas por adversidades inesperadas e fazemos tudo o que está ao nosso alcance para evitá-las.
Dessa forma, nos tornamos pessoas muito racionais em alguns momentos, que medem as consequências de cada passo e ficam recalculando rotas o tempo todo.
Isso soou cansativo para você? Então imagine ser assim. Cansa. E muito.
Para mim, por exemplo, isso se reflete fortemente na minha carreira. Com a instabilidade e imprevisibilidade da vida freelancer, fico o tempo todo calculando as minhas ações, tentando me prevenir de desfalques e procurando alternativas para situações que fogem do meu controle.
Mas o ponto é justamente esse… Não conseguimos ter total controle sobre a vida. E não poderia ser diferente.
Aceite que a vida é uma bagunça
Esses dias comecei um novo curso da Casa do Saber (recomendo demais essa plataforma) sobre transições da vida e aprendi algumas coisas que vão ao encontro da essência deste texto.
O professor falou sobre como a vida é uma bagunça mesmo e como estar vivo é um empenho constante, ou seja, uma luta com o meio externo para tentar se adaptar e resistir. Existem inúmeras variáveis que podem interferir na nossa felicidade e bem-estar:
- relacionamentos;
- trabalho;
- saúde física;
- saúde mental;
- o lugar em que moramos.
Com isso, o tempo todo vivenciamos altos e baixos, pois as chances de todas essas esferas estarem totalmente alinhadas são quase nulas. Sempre haverá alguma instabilidade. Precisamos aprender a “surfar nessa bagunça” e aceitar que existem intervalos entre momentos em que tudo dá certo e outros em que tudo dá errado.
Tentar controlar tudo, portanto, é irrelevante, pois as mudanças, as transições, as coisas ruins, cruzarão o nosso caminho independentemente do que façamos. O excesso de cuidado acaba apenas resultando em frustração, pois nos sentimos impotentes diante das adversidades da vida sobre as quais não temos controle.
Agarre os momentos bons
Por isso, é tão importante se agarrar àqueles momentos de felicidade, em que as coisas dão certo. Eles não duram a vida toda e, se não celebrarmos, logo em seguida virão momentos ruins e deixaremos passar as conquistas e alegrias.
Acontece que as pessoas muito controladoras às vezes acabam se esquecendo de celebrar as felicidades porque estão preocupadas demais em garantir que, na sequência, nada de ruim aconteça. Impossível e desnecessário.
Você não vai conseguir controlar totalmente o que vem em seguida e ainda por cima perderá a alegria de um momento bom.
Coisas boas chegam para os distraídos?
A ideia aqui não é te convencer a jogar tudo para o ar e deixar a vida só te levar para onde ela quiser. Acredito que planejamento e certo controle são essenciais para atingirmos os nossos objetivos e até mesmo alcançarmos essas alegrias no meio do caminho.
Na verdade, o que eu quero dizer é que nem sempre esse controle será o suficiente, pois existem outras variáveis e você não é capaz de cuidar de absolutamente tudo o que te cerca.
E, com isso, vem a ideia de que, às vezes, é preciso estar distraída e colocar um pouco de leveza no dia a dia, sabe?
O controle excessivo pode acabar deixando a sua rotina pesada, densa e cansativa demais. Em alguns momentos, em diferentes esferas da vida, é preciso simplesmente não cuidar tanto de tudo o tempo todo.
Você provavelmente já ouviu aquele clichê: “O amor vem para os distraídos”. É um pouco isso o que quero dizer… Aquelas pessoas que ficam desesperadas procurando pelo amor acabam mais quebrando a cara do que outra coisa. Por outro lado, quando se está de bem com a vida, sem se preocupar constantemente em encontrar um(a) parceiro(a), parece que as coisas fluem melhor, não é mesmo?
O mesmo vale para a carreira… Há meses na minha vida como freelancer que tudo sai errado e eu fico tentando contornar as situações feito doida, achando que estou caindo em um buraco sem fim. Então, chega o final do mês e sou surpreendida por coisas que nem esperava que acontecessem e consigo superar situações que pareciam fugir totalmente do meu controle. Isso já aconteceu mais de uma vez comigo.
E novamente reforço que isso tudo não significa que devemos ficar parados vendo catástrofes acontecerem e não fazer nada. Podemos sim fazer aquilo que está ao nosso alcance e tentar encontrar rotas alternativas. O que não acho que podemos é criar a falsa ideia de que é possível controlar tudo o tempo todo, porque não é.
Por isso, é tão importante estar preparado para as instabilidades, as crises, os obstáculos, as dúvidas… Tudo isso faz parte da jornada. E para fazer as pazes com os momentos ruins é preciso equilíbrio, ou seja, aceitar que, por mais que você faça o seu melhor, nem sempre é possível controlar tudo ao seu redor. Às vezes, é preciso deixar a vida te surpreender e isso é o melhor que você pode fazer.
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Se você se identifica com os meus pensamentos e a minha forma de sentir a vida, acredito que vá gostar do meu novo livro. “Sentimentos em comum” é uma obra independente que lancei em 2021 e traz textos livres (crônicas, cartas etc) com reflexões sobre as três principais esferas que regem a vida de um ser humano: autoconhecimento, amor e trabalho.
Ideal para quem está buscando uma leitura leve, mas ao mesmo tempo profunda, sobre sentimentos que todos nós passamos ao longo da vida. Este livro será o seu companheiro e te ajudará a mergulhar dentro de si mesmo.
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