O que eu aprendi após 2 livros publicados (e nenhum best-seller)

literatura-e-escrita
Bruna Cosenza
23 de junho de 2021

Talvez o título deste artigo tenha feito algumas pessoas pensarem:

“Nossa, ela não tem vergonha de falar que seus livros não são best-sellers?”

Não tenho não. A maioria dos escritores e escritoras não é best-seller. Aliás, só quem vende livros sabe como é difícil vender livros. As pessoas estão dispostas a comprar muitas coisas sem pensar, mas livros não costumam entrar nessa listinha de prioridades.

Resolvi escrever sobre isso de coração aberto, sem medo ou vergonha, porque como sempre falo para vocês: eu já errei e leveis muitos tombos nessa jornada como escritora. Quem me acompanha, sabe um pouquinho do que estou falando. E, pensando nisso, resolvi escrever este artigo totalmente sincero para desmistificar algumas coisas sobre a vida de escritora e compartilhar os meus aprendizados para ajudar quem está nessa mesma caminhada.

Espero que você goste, se inspire e aprenda (ou reaprenda) algo!

A literatura não é a minha fonte de renda, é a minha fonte de vida

Pois é, se você ainda não sabia, agora já sabe: impossível viver de livros a não ser que você seja um(a) escritor(a) muito consolidado(a) pelo Brasil e pelo mundo. É triste, eu sei, mas isso não pode ser uma razão para desistir.

Por muito tempo, enxerguei a literatura só pelo lado do “nunca vai me dar dinheiro”. Quando passei a enxergar essa paixão como fonte de realização pessoal e profissional, deixei as ambições financeiras de lado. Pelo resto da minha vida pretendo escrever e publicar livros, mesmo que eles não me deem muito retorno financeiro. É um investimento que me faz feliz e ressalta o meu propósito.

Se você ama a literatura e gostaria de poder viver dos seus livros, continue escrevendo. Significa que você está no caminho certo. E, além disso, vai que você vira o próximo Milton Hatoum ou a próxima Clarice Lispector. Acredite em si mesma.

Não preciso ser best-seller para impactar vidas por meio dos meus livros

É verdade que a gente se apega demais aos prêmios e números de vendas. Tudo isso é importante, pois significa que você está sendo reconhecida pelo seu trabalho e que está impactando mais e mais pessoas. Não sejamos hipócritas em dizer que um prêmio Jabuti não é bem-vindo e que o seu livro na prateleira de “mais vendidos” também não importa.

Tudo isso é incrível, mas quantos livros best-sellers você já leu que não deixaram nenhuma marca na sua vida? Provavelmente, muitos. O número de vendas não está diretamente associado ao nível de profundidade da obra. Tem muito livro raso e tosco que vendo horrores, sabia?

O ponto aqui é: mesmo que você impacte menos pessoas do que gostaria, porque vender livros é difícil mesmo, seja grata por aqueles que escolheram ler as suas palavras. Toda vez que recebo uma mensagem de uma leitora dos meus livros, meu coração explode. Às vezes, fico meses sem nenhum feedback, porque não tenho tantos leitores assim, mas vira e mexe aparece alguém me dizendo que o livro transformou a sua vida.

Nessas horas, o meu coração fica quentinho e me sinto pronta para todos os desafios dessa carreira tão solitária e complexa.

Escrever não é um negócio, é uma paixão

Há um tempo, conheci um escritor “famoso e best-seller” por acaso. Achei que seria uma oportunidade bacana para trocar ideias e até evoluir como escritora, mas acabou sendo uma experiência muito frustrante. Até então, nunca tinha lido nada do escritor em questão e, acredite se quiser, depois de conhecê-lo o que eu mais queria era passar longe das suas milhões de cópias vendidas.

Por que estou falando isso? Por muitas razões, sendo uma delas a arrogância que pode vir com o “ser famoso e best-seller” e a visão de que a literatura é apenas um negócio. Os conselhos dele eram frios e calculistas, eu não conseguia ver um fiapo de paixão pela literatura em seus olhos.

Novamente: não sejamos ingênuas, eu sei que é preciso de uma visão de negócios para prosperar nesse meio, mas não pode ser só isso. Tem que ter amor pela literatura acima de tudo. Um de seus conselhos foi a ideia de que era preciso lançar um livro novo todo ano.

Querido, sem condições, meu processo criativo não permite isso e às vezes eu demoro mais de um ano para escrever um único livro. Não sou uma fábrica ambulante de livros, sabe? Tem um processo muito profundo e complexo por trás de cada obra, ainda mais sendo uma autora independente.

Tudo isso para dizer que se não tem alma por trás, não vale a pena. Números, vendas, prêmios, best-sellers: tudo isso me deixa louca e cansada e só quero me enfiar numa toca e nunca mais sair. Às vezes, tudo o que precisamos fazer é simplesmente escrever com amor e dedicação, sem pensar tanto no negócio por trás (isso vem depois, é claro).

O “sucesso” não está relacionado somente ao talento

Confesso que, às vezes, sou dominada por um sentimento muito ruim, uma espécie de inveja. Vejo escritoras e escritores mais ou menos da minha idade escrevendo textos muito parecidos com os meus, lançando livros que poderiam estar com o meu nome estampado na capa… Por algum motivo, eles bombaram, têm milhões de seguidores, conseguiram contratos com editoras renomadas, foram indicados para prêmios, tiveram seus livros transformados em séries.

Fico me perguntando: por que eu não consegui tudo isso? Por que para mim parece tão difícil se a nossa escrita é tão parecida?

A conclusão dói, mas acho que é a única resposta: não se trata apenas de talento. Tem timing, contatos, sorte… Sei lá, tem outras coisas que eu desconheço também, mas que estão envolvidas nisso tudo.

Cada pessoa tem uma história e não podemos julgar ou diminuir a trajetória de ninguém, mas isso não exclui a sensação de impotência de quem fica correndo atrás e parece nunca chegar lá. Parece que independentemente de tudo o que eu fizer, talvez não haja espaço o suficiente. O mercado editorial é seletivo.

Um dos meus maiores aprendizados como escritora nesses últimos anos foi que simplesmente não adianta achar que é a mesma coisa que ser uma arquiteta, médica ou advogada. Nessas profissões mais tradicionais sempre há espaço para todos crescerem, serem reconhecidos como gostariam.

Nas artes, há uma certa injustiça. Afinal, quantos escritores, pintoras, músicos, dançarinas talentosíssimos estão por aí lutando por reconhecimento? Parece que há uma conexão direta desses ofícios com a fama e se você não fica muito conhecido, não consegue avançar para o próximo nível, sabe?

Tudo isso para dizer: não fique se culpando ou menosprezando a sua obra. Você pode sim ser muito talentosa e ainda não ter vendido muitos livros simplesmente porque não há espaço e reconhecimento igualitário. Aceite que é assim e faça o melhor que puder sempre.

Eu posso fazer acontecer sozinha

Por fim, para você não terminar a leitura deste texto sem esperanças e triste, quero te lembrar mais uma vez de que apesar de tudo isso, de todas as dificuldades e injustiças, é possível escrever e publicar. Hoje em dia, você não precisa mais ficar só sonhando com esse momento, esperando uma editora tradicional querer a sua obra. E essa é a melhor coisa que poderia ter acontecido: a democratização da publicação de livros.

Foi quando descobri isso que entendi que, apesar de todas as inseguranças, angústias e tristezas relacionadas à carreira de escritora, eu poderia sim deixar uma marca no mundo por meio da minha escrita. Daqui sei lá quantos anos, os meus livros ainda estarão por aqui, na companhia de cada um dos leitores que deram uma chance às minhas palavras.

Se é fácil fazer tudo isso sozinha? Com certeza não! Mas também não é impossível. Se você deseja publicar o seu livro independente, confira o meu ebook com o passo a passo para fazer isso sem grandes sofrimentos!