Qual seria o seu maior arrependimento se hoje fosse o seu último dia de vida?
Recentemente, alguns textos nasceram de belas reflexões proporcionadas por um livro interativo que li no começo de 2021, “A book that takes its time”. Este é mais um artigo no qual quero propor uma necessária (e até mesmo dolorosa) reflexão. Espero, dessa forma, te ajudar a viver melhor.
Mas, enfim, vamos ao que interessa. Sei que a pergunta do título do texto é clichê, mas não tem outro jeito de nomear este artigo. O fato que despertou a vontade de escrever tudo isto foi uma notícia muito curiosa sobre uma enfermeira de cuidados paliativos que ouvia seus pacientes relatarem os principais arrependimentos que carregavam em relação às suas vidas.
Bronnie Ware, a enfermeira, conta como, na beira da morte, as pessoas parecem ter uma clareza maior em relação às suas vidas e o que poderiam ter feito de diferente. E o mais interessante é que ela detectou um padrão nas respostas, ou seja, pontos em comum.
É aquela história… Somos diferentes, mas no fundo somos iguais: apenas seres humanos passando pelas mesmas dores, angústias e alegrias.
Tudo isso despertou uma reflexão muito profunda dentro de mim, pois alguns dos arrependimentos citados foram de encontro com a maneira que eu vivo e também com os meus maiores medos. E, por isso, decidi escrever… Afinal, escrevo com o objetivo de inspirar as pessoas a tornarem seus sonhos reais para que tenham uma vida mais significativa. E é isso que espero despertar com este texto!
Você vive para si mesmo ou para as expectativas alheias?
O arrependimento mais citado pelos pacientes foi o que mais me chamou a atenção, pois é algo que sempre repito para mim mesma e até mesmo nos meus textos. Tenho uma preocupação constante em seguir meus sonhos, ter uma vida significativa e me manter fiel à minha essência.
A enfermeira revelou que boa parte das pessoas na beira da morte se arrependia de ter vivido em prol das expectativas alheias, deixando sonhos e ambições de lado. Um dos meus maiores medos é esse: chegar no fim da vida (seja o fim da vida amanhã ou daqui a 50 anos) e sentir que não fiz as coisas que desejava, não concretizei sonhos e só me preocupei em atender as expectativas da sociedade, dos meus pais, dos meu amigos… Afinal, há muitas pressões e padrões ao nosso redor, né?
E tudo isso me faz questionar quantas pessoas por aí vivem nesse limbo, deixando a vida simplesmente passar para que, no leito de morte, pensem que tudo poderia ter sido muito diferente se tivessem feito outras escolhas.
Sabe, às vezes penso na minha vida como freelancer, no quanto invisto nos meus livros (mesmo sem ter um retorno financeiro significativo) e como busco o tempo todo formas de concretizar outros sonhos… Nas horas difíceis me pergunto se vale a pena.
Não seria mais fácil voltar para o mundo corporativo? Escrever livros apenas digitais para gastar menos? Desistir de juntar dinheiro para investir em viagens e outros sonhos?
É, talvez fosse mais fácil. Mas daí eu chegaria no fim da vida sentindo que não vivi a vida que eu queria. E isso é extremamente perturbador para mim. Quando eu era CLT, por exemplo, sentia que a vida não tinha nenhum sentido daquele jeito. Não era a vida certa para mim. E, se eu puder evitar, nunca mais quero sentir isso.
Você vive para trabalhar ou trabalha para viver?
O segundo arrependimento estava relacionado a trabalhar demais. Sabe aquele discurso sobre não deixar a vida passar enquanto você fica 15h no escritório sem ver a luz do sol? Lembre-se disso da próxima vez que fizer “apenas algumas horas extras”.
O trabalho é importante e se trata de uma esfera que ocupa um espaço muito grande em nossas vidas, mas não pode ser o centro de tudo.
Antes de qualquer coisa, somos seres humanos, não somos o nosso trabalho. Existem outras esferas, como família, amigos, hobbies, entretenimento e lazer… Tudo isso faz parte do nosso dia a dia e é necessário equilíbrio.
Uma das razões que me fez querer sair do CLT era o baixo controle em relação às minhas horas de trabalho. Queria decidir quando e quanto me dedicaria à profissão e como freela consegui equilibrar muito melhor todos esses pratinhos.
Por mais que você ame o seu trabalho, por favor, se questione: você está deixando a sua vida simplesmente passar porque só foca na carreira?
Você tem coragem de dizer o que sente?
O terceiro arrependimento mais citado foi o medo de expressar os próprios sentimentos. Outra coisa que, ao longo dos anos, aprendi a fazer sempre que possível e de diferentes formas.
Guardar, mascarar e engolir os sentimentos é nocivo para a nossa saúde, bem-estar e relacionamentos. Precisamos ter coragem de dizer para nós mesmos e para as pessoas que nos rodeiam, como estamos nos sentindo. Essa é a única forma de trabalhar todas as questões de raiva, dor, tristeza, alegrias e felicidades de uma maneira saudável.
Está triste com alguém? Fale. Está insatisfeita com a sua vida? Desabafe. Está radiante pelas suas conquistas? Compartilhe.
É claro que nem todo mundo tem essa facilidade. Algumas pessoas são mais fechadas e introspectivas, por isso, comece aos poucos. Você pode escrever no seu caderno, se comunicar por meio de cartas ou até mesmo fazer terapia. O importante é não ficar engolindo os seus sentimentos.
Você valoriza os seus amigos?
Todo mundo precisa de amigos. Família e companheiro(a) amoroso(a) são essenciais, mas nada substitui os bons amigos. E é muito comum que, ao longo da vida adulta, algumas pessoas se distanciem dos colegas de escola e faculdade. Esse é mais um dos grandes arrependimentos no momento da morte.
Cada vez mais tenho percebido que não preciso de muitos amigos para ser feliz e me sentir acolhida. Preciso de poucos e bons, aqueles que me entendem, com os quais me identifico e que estão sempre ao meu lado, torcendo verdadeiramente por mim. Dessas pessoas, não abro mão.
Pergunte-se quem são esses seus amigos dos quais você também não abre mão. E, em seguida, peço que se questione se você tem cultivado essas relações como elas merecem. Espero que sim, mas lembre-se de que nunca é tarde para mudar.
Você se permite ser feliz de verdade?
Por fim, o último arrependimento citado pelos pacientes é que eles gostariam de ter sido mais felizes. No final da vida, parece que as pessoas se dão conta de que a felicidade é uma questão de escolhas. Você sempre pode escolher A ou B e com certeza isso irá influenciar nos seus níveis de felicidade, sabe?
Exemplo prático para o qual sempre volto: eu podia escolher entre ser CLT ou freela. Escolhi ser freela, porque sabia que essa era a decisão certa para ser mais feliz apesar de todas as adversidades e inseguranças.
Em 2020, fiz um curso da Universidade de Yale muito interessante que me trouxe vários insights e reflexões sobre a felicidade. Um dos dados apresentados em aula foi que:
50% da felicidade é resultado de uma combinação genética; 10% de fatos que acontecem ao longo da nossa vida e 40% é proveniente de nossos hábitos, pensamentos e ações.
Isso quer dizer que boa parte da felicidade está em nossas mãos e, por isso, precisamos parar de terceirizar a culpa pela infelicidade, ou seja, apontar que não somos felizes “porque fulano fez algo” ou “porque tal coisa coisa”.
Nós não vivemos (só) para sofrer
Outro dia, a minha irmã comentou comigo que achava que vínhamos para essa vida para sofrer. O contexto da fala dela é complexo, pois acabamos de perder a nossa avó e ela está muito sensível em relação à pandemia e outras questões pessoais.
Confesso que há um tempo eu acreditava nisso também, mas nos últimos tempos tenho repensado, afinal, a vida não pode ser mais de sofrimento do que de felicidade. Se for, algo está errado. Se for, talvez seja porque você vai chegar ao final da vida com algum ou todos os arrependimentos citados ao longo deste artigo.
Por isso, tenho praticado um olhar mais cuidadoso em relação à minha vida. Sempre que olho para trás, me pergunto:
se eu morresse amanhã, por mais que não tivesse feito tudo o que queria ter feito, teria morrido feliz e satisfeita com a vida que construí? Poderia dizer que fui mais feliz do que triste?
Faz tempo que a resposta para essas perguntas me agrada. Isso porque desde que entendi que não podia viver uma vida sem significado, que me afastava da minha essência, passei a sentir mais alegrias, gratidão e tranquilidade no meu dia a dia. É claro que não significa que não fico triste, angustiada ou com medo, mas essa não é a maior parte da minha história.
O que eu espero, do fundo do meu coração, é que, por meio destas palavras, eu tenha conseguido te ajudar a enxergar como é possível sim ter uma vida cheia de sonhos, felicidade, conquistas, positividade e bons momentos. Uma vida sem tantos arrependimentos. Mas, para isso, você precisa agir. Agir em direção à vida que você quer (e vai) ter.
Se você gostou deste texto e não quiser perder mais nenhum conteúdo, assine a minha newsletter!
Ah, e acompanhe todas as minhas reflexões e textos nas minhas redes sociais também: