Carta para os que se lembraram de um antigo amor
Camila,
São duas horas da manhã. Madrugada de sábado para domingo. Estou deitado em minha cama, encarando o teto branco do meu quarto – o mesmo teto que você sempre disse que combinava com um pôster da minha banda preferida.
Tive um dia normal, mas por algum motivo resolvi revirar algumas fotos antigas e me deparei com uma de nós dois naquela festa, em fevereiro do ano passado. Fiquei alguns minutos olhando a foto em meu celular, pensando como aquele momento parecia congelado em algum passado distante. Nós dois. Juntos.
Não consegui evitar o que veio logo em seguida. Nunca fui de chorar, você sabe, mas, de repente, meus olhos começaram a derramar lágrimas. Eram lágrimas de saudade. Eram lágrimas de vontade de saber onde você estava às duas da manhã dessa madrugada. Eram lágrimas de nostalgia do momento capturado por aquela fotografia.
Vim até a varanda fumar um cigarro e, olhando as luzes acesas nos outros apartamentos, me lembrei daquele dia que você veio aqui e falamos sobre como era curioso pensar no que cada pessoa estaria fazendo, o que cada luz acesa em cada apartamento poderia significar.
Foi isso que me deu essa vontade de te escrever, de saber por onde você anda. Sei que nunca fui muito bom em expressar meus sentimentos e, muitas vezes, isso a magoou, mas senti vontade de escrever para você. Tive vontade de dizer que eu ainda penso, que eu ainda sinto. A maior parte do tempo consigo deixar esses sentimentos de lado, mas, de vez em quando, sou surpreendido por eles e me dou conta de que ainda estão vivos dentro de mim.
Já estou terminando de fumar o meu cigarro e penso se terei coragem o suficiente para enviar essa carta para você. Estou pensando se terei coragem o suficiente para dizer tudo o que realmente sinto.
Com amor,
Renato.