Por que produzir conteúdo não é só “escrever qualquer textinho aí”?

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Bruna Cosenza
20 de janeiro de 2021

Nós, produtores de conteúdo, enfrentamos diariamente o pesadelo da desvalorização do nosso trabalho. Se você também trabalha escrevendo textos, sabe do que estou falando.

Quantas vezes já sentiu que seu cliente não deu valor para o texto que você ficou horas produzindo, como se fosse muito fácil escrever aquelas 2 mil palavras?

Quantas vezes recebeu indiretas do tipo “ah, mas é só escrever mais isso aqui ou incluir aquilo ali”?

Quantas vezes escutou que era “só escrever rapidinho qualquer coisa”?

A boa notícia é que você não está sozinho nessa, mas a má notícia é que isso significa que a desvalorização do trabalho do produtor de conteúdo está em todos os cantos.

Este texto é uma espécie de desabafo e também uma tentativa de conscientizar mais pessoas sobre como o trabalho de um produtor de conteúdo exige técnica, estudo e conhecimentos específicos como qualquer outro.

Assim como todo ofício, produzir conteúdo exige especialização

Já tive que lidar com clientes que questionavam muito o meu trabalho. Eu dizia que para criar uma estratégia de conteúdo eficiente era preciso fazer um estudo de personas e eles ignoravam. Eu dizia que buscar conversão apenas com Instagram orgânico não traria os resultados esperados a curto prazo e eles ignoravam. Eu dizia que era preciso entregar conteúdo de valor para as pessoas e não focar apenas em vender, vender, vender e eles ignoravam.

Ué, mas se eles já sabiam tudo e não queriam levar em conta nada do que eu dizia, por que me contrataram?

Caramba, isso me tira do sério! Queria saber se as pessoas também desvalorizam e questionam assim o trabalho de um médico, um advogado ou engenheiro. Com certeza não, então por que os produtores de conteúdo precisam lidar com esse tipo de coisa?


Leia também: Produção de conteúdo – o que é e como começar a escrever


Infelizmente porque me parece que se trata de um trabalho mais “subjetivo e relativo” do que uma ciência exata, o que dá margem para as pessoas questionarem tudo. Como escrever é algo básico que, teoricamente, a maioria dos indivíduos sabe fazer, ninguém quer poupar os palpites.

Mas sobre medicina e engenharia nós não entendemos nada, então não tem como questionar, não é mesmo? Se o médico falou, tá falado.

Bom, acontece que se você não estudou e se especializou em marketing de conteúdo, escrita criativa, SEO, storytelling e mais uma lista de coisas, então na verdade você não entende nada sobre o trabalho de um produtor de conteúdo. Só sabe escrever profissionalmente quem, de fato, escreve, o que é muito diferente de escrever aleatoriamente as suas reflexões em um caderno ou fazer uma legenda para o um post no seu Instagram pessoal.

Você pode e deve cobrar o que merece pelo seu trabalho

Quem me acompanha sabe que antes de me tornar oficialmente produtora de conteúdo freelancer e ganhar dinheiro escrevendo, eu apenas escrevia no meu blog como um hobby.

Quando decidi migrar para essa área e fazer dinheiro escrevendo conteúdos para marcas e profissionais, a minha relação com a escrita precisou mudar.

Não adiantava mais apenas escrever com o coração e ignorar todo o resto. Por mais que essa fosse a essência da minha escrita, precisei me especializar e entender sobre a lista de coisas que citei acima: SEO, marketing de conteúdo e por aí vai.

Dediquei tempo e dinheiro para isso, então por que deveria aceitar ganhar R$10 por um texto de 1000 palavras, como muita gente ainda aceita? Outro dia recebi um email de alguma plataforma de freela na qual tinha me cadastrado há muito tempo, mas que nunca cheguei a usar.

A proposta que me fizeram por email era de R$7 por texto. Gente, R$7 não paga nem um lanche do McDonald’s e qualquer texto, seja de 300, 500 ou 1000 palavras vai exigir algumas horas do meu dia.

Não é só sentar e escrever. É necessário entender o objetivo, o público, pesquisar a concorrência, as palavras-chave relacionadas… É muita coisa! Infelizmente, não é como muita gente pensar: sentar e escrever magicamente por quinze minutinhos.

O mesmo vale para consultorias e outros serviços que você possa oferecer. Tem gente que deseja pagar um valor muito baixo para um trabalho personalizado, em que vamos dedicar um baita tempo. Não está certo e não tenha medo de cobrar o que você realmente merece: quem vê verdadeiro valor no seu trabalho vai pagar por ele.

Por mais que uma grande parcela de pessoas não entenda tudo o que exige a produção de conteúdo, existe uma minoria que valoriza esse trabalho. E é com essas pessoas que você deve trabalhar!

Se não me valorizam, como me valorizar?

Não sei se há uma única resposta para essa pergunta. É algo sobre o qual venho me questionando há bastante tempo. Afinal, como valorizar o seu trabalho como produtor(a) de conteúdo e fazer as pessoas perceberem que VOCÊ é o especialista no assunto?

Acredito que um dos caminhos para isso seja meio óbvio, mas precisa ser dito: escrevendo e criando cases.

Toda vez que você é procurado por um potencial cliente, precisa mostrar a ele que você:

  1. Estudou e sabe sobre o que está falando;
  2. Tem conteúdos de referência para mostrar a ele exemplos do seu trabalho;
  3. Tem cases de outros clientes que comprovam a sua expertise.

É claro que no começo da carreira fica mais difícil ter muitos cases, mas por isso comece sempre criando o seu próprio portfólio. Crie o seu blog, tenha uma vitrine própria do seu trabalho, mostre exemplos de textos bem ranqueados, exalte conteúdos que geraram identificação com as pessoas mesmo sem estarem na primeira posição do Google.

Para os outros valorizarem o seu trabalho, primeiro você deve se valorizar. Ao aceitar ganhar R$7 por um texto, você está afirmando ao seu cliente que é isso mesmo que merece. É só quando você fala “não”, bate o pé e argumenta que o seu trabalho vale mais do que R$7 que o outro começa a pensar sobre isso.

Então, espero ter sido um pontinho de luz para você que ainda se sente acuado no universo da produção de conteúdo porque sabe que muita gente enxerga o seu trabalho apenas como “escrever qualquer textinho”. Acredite que, assim como um médico ou engenheiro, os outros não têm o conhecimento que você tem. Valorize-se, mantenha-se firme e o resultado chega!


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