“Cartas a Théo”: dor, paixão e loucura nas cartas de Van Gogh
Recentemente terminei de ler a obra “Cartas a Théo”, um compilado de cartas de Van Gogh ao seu irmão Théo ao longo de muitos anos.
Quem me conhece sabe que sou apaixonada pela arte de Van Gogh e a sua história me sensibiliza muito. Já até escrevi sobre o filme “No Portal da Eternidade”, que me fez chorar litros e conhecer um pouco mais sobre esse grande pintor.
E como se não bastasse, está na minha lista de leituras de 2021 a sua incrível biografia de mais de 1000 páginas . É realmente uma história de vida que me intriga e me faz refletir bastante, por isso gosto tanto de conhecer mais sobre Van Gogh.
Mas hoje estou aqui para falar de “Cartas a Théo”, um livro extremamente precioso. Mais de 350 páginas de cartas escritas por Van Gogh ao seu irmão, ou seja, é uma maneira de entrarmos na intimidade do pintor e entendermos como ele se sentia e via o mundo.
Após a leitura, fiquei surpresa com algumas coisas que desconhecia sobre ele e, por isso, achei válido escrever um breve artigo com quotes de destaque da obra.
Sabe, se eu pudesse escolher um pintor falecido para voltar à vida seria Van Gogh. Se eu pudesse, desejaria que ele tivesse tido a oportunidade de ver como a sua arte foi prestigiada após a sua morte. É muito triste pensar que ele morreu sem ver o impacto que causou no mundo artístico.
Bom, espero que esse compilado do livro inspire vocês a lerem a obra e conhecerem mais sobre Van Gogh também!
Van Gogh sentia culpa por precisar do dinheiro do irmão
Quando decidiu ser pintor, Va Gogh não conseguia se bancar e, por isso, o seu irmão lhe emprestava dinheiro. Ao longo das cartas pude notar como ele se sente culpado por pedir recursos financeiros e não obter retorno vendendo seus quadros para poupar o irmão dos gastos.
“Mas o que é que você quer? Infelizmente isto está complicado de diversas formas; meus quadros não têm valor, custam-me, é verdade, despesas extraordinárias, às vezes inclusive em sangue e cérebro talvez.”
É angustiante, sabe? Ele precisa do dinheiro para sobreviver e para pintar, mas isso gera um conflito interno enorme que com certeza afeta a sua saúde também.
“Mas o dinheiro que custa a pintura, isso me esmaga sob um sentimento de dívida e de covardia e seria bom que isto acabasse, se possível.”
Van Gogh não se considerava um grande pintor
Essa foi uma das coisas mais impactantes ao longo do livro. Perceber pelas próprias palavras do pintor que ele não se sentia bom o suficiente é muito triste.
“Ora, eu como pintor nunca significarei nada de importante, sinto-o perfeitamente.”
Acredite se quiser: ele vendeu apenas um quadro quando ainda era vivo. Justamente por isso duvidada tanto do seu potencial, afinal, a sua arte não era bem aceita naquela época. Mesmo assim, é nítida a sua paixão e dedicação independentemente de não vender as suas obras.
“Que agora eles não se vendam me dá a mesma angústia que você mesmo sofre; mas pare mim isto seria — se não o atrapalhasse tanto o fato de eu não render nada — razoavelmente indiferente.”
Antes de começar a pintar, Van Gogh teve outras ocupações, como pastor, professor etc, mas no fundo estava destinado a pintar, esse era o seu caminho.
Van Gogh se internou voluntariamente em hospícios
Antes de ler o livro, não sabia que Van Gogh tinha consciência dos seus distúrbios mentais. Nas cartas, ele conta sobre os ataques e como não se sente bem às vezes.
“O que me consola um pouco é que estou começando a considerar a loucura como uma doença qualquer, e aceito a coisa como ela é, enquanto que, durante as crises, parecia-me que tudo o que eu imaginava era real
Mesmo assim, em vários momentos senti uma pitada de esperança em suas palavras, era como se ele acreditasse que tudo poderia melhorar. Van Gogh tinha planos e desejos relacionados à pintura, mas tudo parecia muito pesado em sua vida.
“Ah! Se todos os artistas tivessem com o que viver, com o que trabalhar… Mas as coisas não sendo assim, quero produzir, e produzir muito e com obstinação. E talvez chegará o dia em que poderemos aumentar os negócios e ser mais influentes para os outros.”
Fiquei impressionada com o fato dele ter se internado voluntariamente no hospício após cortar a sua própria orelha. Eu achava que as internações eram forçadas. Além disso, no hospício ele continuava pintando!
Um artista incompreendido que deixou um grande legado
No fundo, Van Gogh só queria pintar. Como já citei anteriormente, fica muito claro que essa é a sua paixão. Ele era tido como um homem grosseiro e estranho, mas nunca o enxerguei assim. Para mim, Van Gogh era uma pessoa extremamente sensível.
“Em suma, quero chegar ao ponto em que digam de minha obra: este homem sente profundamente, e este homem sente delicadamente. Apesar da minha suposta grosseria, você me entende? Ou precisamente por causa dela. O que é que sou aos olhos doa maioria — uma nulidade ou um homem excêntrico ou desagradável — , alguém que não te uma situação na sociedade ou que não a terá; enfim, pouco menos que nada.”
Agora partiu ler a biografia do pintor e descobrir ainda mais sobre a sua vida e a sua magnífica arte!
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