Uma reflexão sobre a importância de se cobrar menos e se valorizar mais
Como cansa viver com a sensação de que você não é bom o suficiente, não é mesmo? Quis terminar o ano abordando esse tema porque acredito que muita gente viva com o mesmo sentimento, afinal, a autocobrança está sempre aí, batendo na porta.
A reflexão sobre o assunto me pegou de jeito porque mesmo tendo conquistado tantas coisas incríveis em 2019, em alguns momentos me peguei pensando em como poderia ter sido melhor em certos aspectos.
Realmente, sempre poderia ser melhor. Aquele cliente que não fechou o job e o dinheiro não entrou ou aquele projeto que poderia estar melhor encaminhado . Ficamos ruminando tudo isso dia e noite, nos cobrando por não termos feito mais. Sido mais.
Há espaço para as celebrações?
Foi um dia desses, enquanto me questionava se o que tinha conquistado em 2019 era o suficiente, que alguém me disse: “Celebre as pequenas conquistas, viva esse momento!”. Sei lá, pode parecer bobo, mas ouvir isso foi importante.
Realmente, eu estava perdendo a celebração de tudo o que conquistei até hoje por conta de preocupações com o amanhã.
Será que vou ter dinheiro o suficiente? Será que vou conseguir clientes legais? Será que vou terminar de escrever aquele livro? Será que meus projetos vão ganhar vida? Será que as pessoas vão gostar?
É tanto “será” que fica difícil mesmo celebrar o que está acontecendo hoje.
E isso não quer dizer que a gente não deva ou não precise se preocupar com o que vem em seguida, mas preocupações em excesso fazem com que deixemos passar a beleza de viver o que está rolando agora, nesse instante.
O peso da autocobrança
É tanta autocobrança, que se a gente não se tocar logo de que há algo de errado, a vida fica muito pesada.
Afinal, adianta se dedicar muito para conquistar o que desejamos se quando chega a hora de celebrar, continuamos nos cobrando ainda mais? Qual é a graça de viver assim?
Bom, mas quem dera fosse simples eliminar tanta autocobrança de nossos dias. Vou te contar que por aqui não tem sido fácil (e imagino que por aí também não).
Mesmo que sem querer, a gente se deixa levar por comparações com quem já está lá na frente e ficamos achando que estamos aqui no fim da fila, comendo poeira. Poxa, e tudo o que eu fiz para chegar até aqui? Não conta?
Ô se conta, mas a gente se esquece disso nessas horas. Ficamos meio obcecados em observar o outro e acreditar que ele está vivendo em um paraíso distante. A verdade, no entanto, é que enquanto pensamos isso, o outro está lá se cobrando tanto quanto nós.
A coragem de se mostrar vulnerável
Para completar, é muito comum não querer demonstrar todas as suas fraquezas e medos. Nas redes sociais somos fortes, decididos, bem-sucedidos.
Quantos posts você vê por dia que falam sobre fracassos, tristezas, angústias, medos? Eu não costumo ver muitos.
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Temos receio de demonstrar a nossa vulnerabilidade. Como se já não bastasse essa sensação constante de que você não é bom o suficiente, ainda é preciso esconder isso do mundo. Foi o que disseram (ou o que demonstraram, sei lá).
Eu sou frágil, assim com você que está lendo esse texto agora. Todos nós sentimos que não somos bons o suficiente em algum momento. E acho que nessas horas precisamos de alguém ao nosso lado que nos lembre de que somos sim – e se não tiver ninguém para te lembrar, terá que ser você mesmo.
Primeiro de tudo, é necessário coragem para aceitar que você não é perfeito e que sempre terá como melhorar e evoluir. Em segundo lugar, precisa entender que a vida não é uma corrida. Você não precisa se comparar com os outros o tempo todo, pois a sua vida vai acontecer no seu tempo.
Pouco importa se fulano ganhou muito dinheiro e tem prestígio antes dos 30. Você não é fulano. Bom para ele, mas o seu caminho será outro – nem pior nem melhor, apenas seu.
E, por último, não tenha medo de mostrar as suas imperfeições para o mundo. No fundo, as pessoas gostam mesmo é de quem é verdadeiro e tem coragem de falar sobre todos esses medos (tenha certeza de que eles não são apenas seus).
Cansa muito ver todo mundo celebrando o tempo todo, né? Às vezes, parece que você é o único tonto que não está se sentindo um grande vencedor. Que nada! Acredite em mim quando eu digo que por trás de posts e fotos com sorrisos, muitas vezes existe um coração tão aflito quanto o seu.
Como começar o ano acreditando que você é bom o suficiente
Um dia, uma pessoa me contou que, todos os anos, ela costumava fazer uma espécie de desenho para visualizar as suas conquistas do ano. Até chegou a me mostrar o último que tinha feito – lindo e todo colorido, como um grande mapa, representando vários momentos importantes, mudanças, celebrações.
Desde então estou para fazer isso também, porque me parece uma forma muito interessante de criar uma retrospectiva do seu ano e se lembrar de como você evoluiu. É meio louco pensar o quanto de coisas que acontecem em 365 dias, não é mesmo?
O que rolou lá em janeiro pode parecer muito pequeno agora, mas na hora tinha uma dimensão enorme. E foram todos os fatos encadeados que te fizeram chegar até aqui. Quando você desenha tudo isso, é mais fácil de visualizar quantas coisas aconteceram.
Penso que escrever também pode ser uma boa. Talvez uma espécie de “texto retrospectiva” no qual você conta sobre tudo o que viveu e sentiu.
Além de serem maneiras muito interessantes de valorizar mais o que foi feito, também é uma forma de olhar para o futuro com mais otimismo e menos autocobranças. Veja tudo o que você fez e como você foi capaz de chegar até aqui. Agora é a hora de começar a traçar novos planos ou tirar aqueles antigos do papel.
Espero, do fundo do meu coração, que todos nós tenhamos um olhar mais cuidadoso e carinhoso com nós mesmos em 2020. Costumo começar todos os anos muito esperançosa e acho que hoje, mais do que nunca, tenho motivos para acreditar que os meus sonhos e planos vão se tornar realidade. Espero que essa sensação esteja com vocês também e, juntos, possamos ser a melhor versão de nós mesmos.
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