Por trás de todo jogador existe um ser humano

autoconhecimento
Bruna Cosenza
24 de junho de 2018

Estamos vivendo mais uma Copa do Mundo. A animação e expectativa são altas, mas as cobranças e hipocrisias também.

Neymar é o grande nome do futebol brasileiro e, particularmente, o jogador que me inspirou a escrever este texto. Os olhos de todos estão em cima do garoto de 26 anos que já provou ser um craque, mas muitos se esquecem de que por trás do jogador há uma pessoa comum, um ser humano como qualquer outro. Um indivíduo que erra, acerta, faz besteiras, se arrepende, sente raiva, chora, briga, tem inseguranças, e por aí vai.

Essa é a verdade. Neymar é um ser humano, porém, não é esse tipo de tratamento que muitas vezes vejo ele recebendo. A alta exposição na mídia e os olhares julgadores constantes fazem com que, muitas vezes, sua vida vire uma novela e qualquer atitude vire motivo de discussão e julgamento.

Se a seleção vai bem e ganha o jogo, ótimo. Se não ganha e Neymar não consegue fazer gols, é crucificado. Se ele se irrita no jogo, é criticado como imaturo. Se chora no final da partida, é recriminado como infantil.

Não me entendam mal, críticas são bem vindas e inevitáveis, visto que ele é uma figura pública e precisa lidar com isso o tempo todo. Porém, julgar um choro ou determinada reação durante uma partida é um pouco demais. Só ele sabe a pressão que carrega, os julgamentos que supera todos os dias, as críticas sem embasamento com as quais precisa lidar – e isso tanto em termos de vida profissional como pessoal.

Como ele mesmo postou em suas redes sociais após o jogo contra a Costa Rica, poucos sabem o que ele passou para chegar até aqui. E como eu sempre digo: fácil é julgar o outro, difícil é se colocar no lugar dele e tentar minimamente entender o que está passando.

Ser um Neymar é uma responsabilidade enorme. A pressão constante exige um preparo psicológico que poucos possuem aos 26 anos de idade. Isso mesmo, ele tem 26 anos. Sinto dizer, mas boa parte das pessoas que conheço com essa idade são tão imaturas que pareceriam bebês perto do Neymar.

Nós nos estressamos por baboseiras no dia a dia, choramos às vezes sem nem entendermos muito bem os motivos, ficamos de cara fechada e respondemos mal para quem não merece. E isso tudo sem a pressão de mais de 200 milhões de pessoas julgando o que fazemos o tempo todo. Imagine precisar controlar e repensar cada uma de suas atitudes justamente porque as câmeras estão sempre em cima de você? Pois é, fácil não deve ser.

Em alguns momentos ele vai errar, se exceder e precisar repensar como agir. O problema á julgarmos o tempo todo. A mídia tem a sua parcela de culpa e responsabilidade, mas está nas nossas mãos decidirmos como falaremos dele e de tantos outros craques que carregam o mesmo fardo.

Se for para criticar, que seja com embasamento. Se for para não gostar, que seja com respeito. Se for para dar suporte, que seja em todos os momentos. Neymar, como qualquer outra pessoa, terá fases boas e ruins. Terá altos e baixos. Terá erros e acertos. Cabe a nós entendermos que, antes de jogador, ele é um ser humano e não simplesmente um boneco da mídia que deve satisfazer nossos sonhos e desejos em relação ao futebol. Ele é uma pessoa comum, como eu e você. E toda vez que decidirmos julgá-lo, devemos nos lembrar de que nós também temos ou já tivemos os nossos 26 anos, mas nunca tivemos mais de 200 milhões de pessoas nos vigiando constantemente.