Deserto de Atacama: leve e puro como a vida deveria ser.

autoconhecimento
Bruna Cosenza
24 de agosto de 2017

Toda vez que viajo, volto diferente. E foi exatamente o que aconteceu na minha última jornada: o Deserto de Atacama me fez refletir sobre a vida e tudo que me cerca de uma maneira muito peculiar.

Primeiro de tudo, o Atacama não é um lugar como qualquer outro. Não é como ir para a Europa ou os Estados Unidos. É extremamente diferente de tudo o que já vi em minha vida. Isso porque nós, pessoas de cidades grandes e cheias de cimento e prédios, muitas vezes nos esquecemos de que o planeta Terra vai muito além disso.

No Atacama não tem luxo, shopping e grandes empresários engravatados andando pelas ruas. No Atacama há apenas uma coisa: a nossa origem. Um lugar com a natureza em sua forma mais pura, sem grandes intervenções humanas e com paisagens de tirar o fôlego.

IMG_4750.JPG

Sei que existem muitos lugares assim pelo mundo, mas para mim foi surpreendente justamente por nunca ter conhecido nenhum. Sabe aquela paisagem que você só vê em filmes ou fotos do Google? O Atacama é isso (ou muito mais). Hoje entendo a grande diferença que existe entre ver a imensidão do Atacama pela tela do celular e estar lá bem diante daquela montanha, daquele pôr do sol, daquela lagoa cristalina, ou daquela duna de areia surreal. E é nesse momento, quando paramos, respiramos e nos damos conta de que aquilo não está na tela do celular, que a ficha cai completamente.

Naquele instante, tudo fica confuso, mas faz sentido ao mesmo tempo. Naquele instante, revisitamos todos os nossos questionamentos sobre a vida e os colocamos frente a frente com o que está diante dos nossos olhos. São paisagens que nos fazem sentir gigantes e minúsculos ao mesmo tempo, mas, acima de tudo, nos fazem sentir agradecidos. Agradecidos pelas maravilhas que a natureza nos proporciona e que, infelizmente, muitas vezes deixamos passarem batidas no dia a dia.

IMG_5181.JPG

Naquele instante, com tudo aquilo diante dos meus olhos, a principal coisa que eu sentia era paz. O principal aprendizado que o Atacama me deixou foi esse: não importa quem você seja ou o que você faça, a origem de tudo é muito mais simples do que imaginamos. A verdade é que nós que complicamos tudo. A sociedade que a humanidade construiu é incrível, mas também trouxe malefícios que nos fazem esquecer de que no fim do dia as coisas não precisam ser tão pesadas e difíceis. Não deveríamos nascer para sofrer e sim para aproveitar essa jornada da forma mais construtiva e leve possível.

A paz e o silêncio do Deserto de Atacama me fizeram questionar, principalmente, como lido com a vida. Voltei pensando que enquanto estou aqui na cidade vivendo em ritmo frenético, o Atacama está lá – intacto, silencioso, puro. E isso só me faz questionar: como eu quero me lembrar da minha vida daqui alguns anos? Quero ser a pessoa frenética que se esqueceu de apreciar o mundo que a cerca? Ou quero ser leve, pura e silenciosa como Atacama?

IMG_5114.JPG

Quero levar a vida tão sério? Quero ter medo de me arriscar e de me jogar no desconhecido? Quero me deixar consumir pela rotina do dia a dia e me esquecer da minha origem? Quero permitir que a travessia seja dura e árdua?

O Atacama me lembrou de que no início de tudo só existia a natureza. Não tinha o dinheiro, o capitalismo, as competições, a ganância, as cobranças, a inveja… De repente, crescemos e evoluímos tanto que parece que nos esquecemos da nossa origem mais pura – origem que está ali representada pelo Atacama e tantos outros lugares pelo mundo que nos fazem revisitar uma realidade ainda intacta e pura.

IMG_5011

O planeta em que vivemos é a nossa casa, a nossa origem e não podemos nos esquecer de onde viemos – quem sabe assim, a vida se torne mais leve e pura, assim como as paisagens de um dos lugares mais lindos e tocantes que existem na Terra.

Obrigada, Atacama <3