Carta para os amigos que não se perderam no tempo

cartas
Bruna Cosenza
20 de julho de 2016

Nós nos conhecemos na infância, na adolescência, na faculdade, ou até mesmo no trabalho. Já dormimos um na casa do outro. Já desabafamos sobre uma desilusão amorosa às três horas da manhã. Já acobertamos uma escapadinha aqui e outra ali. Já choramos de tanto rir de coisas que só nós entendemos. Já fizemos um milhão de planos que não saíram do papel. Já brigamos feio por coisas completamente idiotas. Já emprestamos dinheiro um pro outro para pagar o lanche da tarde e a cerveja da balada. Já juramos que guardaríamos aquele segredo pro resto da vida. Já nos afastamos por um tempo sem nem sabermos direito os motivos. Já dissemos “eu avisei”, depois que o outro fez uma grande besteira.

Pois é, meu amigo. Já fizemos muitas coisas juntos. Sorrimos, choramos, e vivemos. Continuamos vivendo todos os dias. Eu aqui, você ai. Às vezes, juntos todos os dias. Às vezes, separados por milhares de quilômetros. Mas sempre unidos pela mesma coisa que nos juntou no primeiro dia em que nos conhecemos: alguma coisa que não sabemos nomear direito, mas que é o que faz as verdadeiras amizades permanecerem por muitos e muitos anos.

Não sei a melhor definição para isso, mas se tivesse que escolher uma palavra seria identificação. Grandes amizades só são grandes amizades porque nos identificamos com a outra pessoa. E se identificar significa que vemos um pouquinho de nós mesmos naquele que chamamos de amigo. Significa que mesmo que sejamos completamente diferentes, sempre vai ter alguma coisa ali que gera uma identificação mútua.

Esses, com certeza, serão os amigos que não se perderão no tempo. Você é um deles. Passe o tempo que for, podemos ficar dias, semanas, ou até meses longe um do outro, sabemos que quando nos reencontramos é sempre como se tivéssemos nos visto ontem. E é isso o que prova que não nos perderemos jamais, passe o tempo que for.