Deixar ir é uma força de poucos

autoconhecimento
Bruna Cosenza
4 de junho de 2016

Deixar ir. O que isso significa? Esquecer? Jogar embaixo do tapete? Mandar para aquele lugar? Sinceramente, acho que nenhuma das opções acima. Acredito que deixar ir seja um dom de poucos. Muita gente segura com força para não perder, outros só conseguem realmente deixar ir quando têm algo para substituir.

Para mim, deixar ir é entender e aceitar que algumas coisas não devem ficar.

Não é se esquecer, nem colocar embaixo do tapete e, muito menos, mandar para aquele lugar. Deixar ir vai muito além dessas atitudes. Deixar ir também exige certa maturidade. Quem tenta tapar o sol com a peneira é exatamente quem tenta fingir que esqueceu ou xinga loucamente na tentativa de acreditar que já está bem resolvido. Nada disso.

Só deixamos ir de verdade quando já nos resolvemos emocionalmente com aquilo que precisa partir. E, principalmente, só deixamos ir de verdade quando temos coragem o suficiente para ficar de mãos vazias.

Isso porque deixar ir quando já temos algo para substituir não é deixar ir de verdade, é repor.

É por isso que eu digo que deixar ir é uma força de poucos. Temos medo de ficar de mãos abanando para o ar. Temos medo de não ter algo para dizer que é nosso. Temos medo de deixar o passado no passado, quando ele ainda mexe tanto com o nosso presente.

Sinto muito, mas uma hora as coisas precisam ir. São poucas as que ficam. São raras. São únicas. A maioria é passageira, efêmera, deixa apenas rastros…

É difícil, mas é assim que a vida funciona. Faz parte e tem o seu lado positivo também, pois a partir do momento em que aprendemos a deixar ir, quer dizer que superamos aquela necessidade de ter algo em mãos o tempo todo. Quer dizer que enfim amadurecemos o suficiente para entender que muitas coisas chegam, mas poucas ficam.