A maturidade chega com os tombos que levamos na vida

autoconhecimento
Bruna Cosenza
24 de abril de 2016

Temos quinze anos e nos achamos os donos do mundo. Hoje em dia dou risada dos meus dias de adolescente metida a sabe tudo. Mais do que isso: valorizo ainda mais meus pais, que tiveram que aguentar uma criança de quinze anos achando que sabia tudo sobre a vida. Tenho certeza de que eu não fui a única adolescente a se considerar a pessoa mais madura do mundo no auge dos quinze anos, mas confesso que fico assustada quando vejo pessoas da minha idade hoje que realmente parecem não ter amadurecido nem metade do que deveriam nos últimos sete anos.

Amadurecimento é algo muito relativo. Para alguns chega muito mais cedo do que para outros. É verdade que quanto mais tombos levamos na vida, quanto mais decepções somos obrigados a enfrentar, quanto mais corações partidos temos, mais maduros ficamos. Aliás, ficamos mais resistentes também. Hoje, com vinte e dois anos, não me iludo como aos quinze, em que me considerava a dona do mundo, mas tenho consciência de que já sei muito mais sobre a vida do que sabia há sete anos atrás.

Reclamamos das rasteiras que a vida nos dá, ficamos de saco cheio das tristezas que insistem em bater na nossa porta, mas a verdade é que sem isso continuaríamos aquelas crianças de quinze anos, imaturas. A vida exige esses tombos, exige as lágrimas, as decepções, os corações partidos. Sem tudo isso, refletiríamos muito menos, teríamos poucos momentos de autoconhecimento, não nos questionaríamos sobre os rumos de nossas vidas, e ficaríamos completamente estagnados.

Existe muita gente que evita qualquer tipo de sofrimento. Que erro. Sofrer é inevitável. Mais: sofrer é necessário. Sofrer nos torna pessoas melhores, mais pensantes, mais questionadoras e, com certeza, mais maduras. A verdade é que todo sofrimento também acaba trazendo uma dose de aprendizado, mas, às vezes, demoramos a enxergar isso porque a dor é tão grande que ocupa o espaço de qualquer outra coisa.

Bom, o tempo ameniza qualquer dor. Não digo que seja capaz de apagar, pois algumas dores carregamos pelo resto de nossas vidas, mas com certeza diminui as pontadas agudas. E eu garanto que ao amenizar as coisas ficarão mais claras e será possível retirar inúmeros aprendizados de todo o ocorrido. Pois é, são com os tombos da vida que amadurecemos e deixamos de ser aquelas crianças imaturas de quinze anos de idade. Aliás, alguém me disse uma vez que o modelo da pessoa perfeita teria a disposição de um jovem com a experiência de um idoso. Concordo. Essa pessoa seria realmente incrível. Mas qual seria a graça de uma vida sem nenhum obstáculo, sem nenhum coração partido, sem qualquer sofrimento? Precisamos disso para continuarmos em movimento. Afinal, são os tombos que fazem com que a gente continue sempre se levantando.