A necessidade de deixar ir
Muitas vezes, sabemos que precisamos deixar para trás, esquecer, se acostumar com a ausência. Mas fica aquele restinho… aquele “ah, mas quem sabe se…”. Não tem jeito, é inerente ao ser humano cultivar essa esperança. Esse sentimento de que se você aguentar maaais um pouquinho, vai mudar. Seria mesmo uma esperança ou um autoengano?
Desculpe se soo confusa… mas existem tantos ‘deixar para trás’. Deixar um emprego para trás, um amor, um sonho, uma ideia. Por que temos tanto medo de abandonar? Não importa a razão, mesmo que seja para o melhor, nos apegamos demais. Temos medo do que vamos perder com essa escolha (deixar para trás, afinal, é uma escolha, consciente ou não), mesmo que sequer saibamos seus prós e contras.
A vida parece mais bonita com a segurança. Aquele emprego que vai me trazer o salário, o amor que nutrirá a carência, o sonho que um dia se realizará. Mas deixar essas certezas para trás nos tira o chão… o emprego não te realiza, o amor é escasso, o sonho mudou… e mesmo assim não conseguimos deixar para lá, esquecer, tentar de novo. O recomeço assusta, a mudança de rotina assusta, mudar a opinião assusta.
Seria um reflexo dos dias de hoje ou sempre foi assim? Será que ficamos mais medrosos ou apenas mais um momento da existência humana pela qual todos passamos? Eu – logo eu – não sei. Mas sou medrosa como todo mundo. Apostar em algo novo (ou mesmo antigo) que até um tempo atrás não estava nos planos me assusta. Desapegar assusta.
Tem aquela frase clichê “Tá com medo? Vai com medo mesmo”, e eu sinceramente apoio. A lição de moral que fica aqui é a de desapegar, deixar para lá, abandonar, mudar de ideia. Nada diferente vai vir da mesmice, não é? Demita-se, termine o relacionamento, troque de projeto. E se for uma escolha errada, tudo bem. Qual a graça de não errar?