Como ficam os românticos em tempos de amores virtuais?

autoconhecimento
Bruna Cosenza
25 de fevereiro de 2016

Desde pequena assisto filmes com a minha avó. E desde pequena ouço suas histórias sobre como eram os relacionamentos anos atrás. Não havia celulares, mensagens instantâneas e, muito menos, Facebook. Para os olhos dos jovens do século 21 era tudo feito da forma mais estranha possível. Os rapazes se aproximavam sem medo das mulheres, pediam o telefone, marcavam de se encontrarem no dia seguinte. Não havia mensagens para ignorar e, muito menos, perfis no Tinder para trair.

De fato, não há como negar que os avanços tecnológicos trouxeram inúmeras melhorias não só para os relacionamentos, como para outras esferas da vida. No entanto, um dia desses me peguei pensando aonde vamos parar. Com a nova onda de aplicativos de relacionamentos, fico me perguntando se vamos deixar a essência dos encontros de lado e viver apenas no mundo virtual.

De vez em sempre sinto falta de uma época que nem vivi. Uma época em que as primeiras conversas de um casal eram olho no olho e não tela na tela. Uma época em que as risadas eram ouvidas e não escritas. Uma época em que a primeira impressão era feita pessoalmente e não  por meio do Instagram. Afinal, com essa nova forma de se relacionar me parece que, cada vez mais, as pessoas são escolhidas através de sua aparência. Se não é bonito o suficiente, eu não dou o meu like. Não é assim?

Fico me perguntando aonde foi parar todo o romantismo. Não digo que seja impossível se apaixonar por alguém que conhecemos virtualmente, mas será que com esses novos aparatos não estamos decretando a sentença de morte da essência dos relacionamentos? Cresce, cada vez mais, a preguiça de conhecer pessoas no dia a dia, no trabalho, na faculdade, no bar. É muito mais cômodo apenas rolar a lista de pessoas com quem cruzei na Avenida Paulista e ver quem ali me interessa.

Acredito que eu ainda seja uma das poucas que acreditam que amor bom é aquele que é construído durante os obstáculos da convivência do dia a dia. Aquele tipo de amor que acontece de forma natural, sem nem nos darmos conta. Aquele amigo da faculdade que se torna muito mais do que um amigo, aquele colega da empresa que aos poucos começa a demonstrar que um interesse que vai além do trabalho, aquela garota amiga do seu amigo que está em todas as festas. Esse amor não é daqueles que procuramos incessantemente no Tinder e no Happn. Esse amor é daqueles que não percebemos acontecer, justamente porque não estávamos procurando por ele.

Afinal, então como ficam os românticos em tempos de amores virtuais? Sinceramente, não sei. Talvez tenham que se adaptar a essa nova forma de relacionamentos. Ou então, podem continuar procurando por aquilo que acreditam ser a grande essência do amor: o olho no olho, o som da voz e o interesse que vai muito além da aparência. Não, eu não vivo nos anos 30, mas para mim essa continua sendo a forma mais pura de amor.