O que fazer com um amor de intercâmbio?
Essa é uma pergunta que muita gente se faz quando finalmente precisa se separar do romance de intercâmbio. Recentemente estive com uma amiga que acabou de voltar de uma viagem de quase um ano por vários cantos do mundo. Entre todas as experiências incríveis que ela contou ter vivenciado pela América do Sul, Europa e América do Norte, a que mais pareceu ter mexido com ela foi se apaixonar.
De uma maneira muito inusitada, ela conheceu num café qualquer o cara que mudaria os próximos meses de sua vida. É sempre assim. O amor bate na nossa porta quando menos esperamos e com ela não poderia ter sido diferente. O problema é que tudo o que é bom realmente dura pouco e uma hora ela precisou colocar os pés no chão.
Mas, afinal, o que aconteceu com eles? Ela voltou para o Brasil e ele foi para sua cidade natal do outro lado do mundo. Foi isso o que aconteceu. Entre muitas reflexões e filosofias de boteco, chegamos à conclusão de que se apaixonar no intercâmbio pode ser uma das formas mais difíceis de amor, mas também uma das mais belas. Se apaixonar por alguém de outra cultura, no meio de uma experiência de autoconhecimento, pode ser uma das coisas mais incríveis que podem acontecer.
Pare um minuto para se imaginar no meio do deserto do Atacama ou nas ruas de Paris descobrindo não apenas si mesmo, mas outra pessoa que está lá com o mesmo propósito que você. Está soando até um pouco como aqueles filmes românticos, não é mesmo? Pois é, mas como a vida não tem roteiro programado e passa longe de qualquer filme que já assistimos, nem sempre o mocinho apaixonado larga tudo para ir atrás da mocinha, ou vice-versa. Na vida real, as pessoas se encontram com a mesma facilidade que se desencontram.
No final das contas, minha amiga está voltando aos poucos para sua antiga rotina, tentando se reencaixar por aqui, enquanto ele está do outro lado do mundo provavelmente fazendo o mesmo. Então, acredito que a única resposta para a pergunta deste texto seja essa: viver. Viver o amor de intercâmbio o tempo que ele durar e saber continuar vivendo quando ele terminar.
Quando você decidir colocar a mochila nas costas e sair para descobrir o mundo, esteja aberto para se apaixonar sem receios. Viva esse amor da forma mais intensa possível, mas esteja pronto para se despedir na hora em que for preciso dizer adeus. Não, a vida não é um belo filme romântico em que os apaixonados sempre ficam juntos no final. A vida é muito melhor do que isso, pois vem cheia de sofrimentos também, e é justamente a dor que nos move o tempo todo em busca de algo melhor. Então, viaje e se apaixone da forma mais maluca possível, mas quando voltar para o ninho, lembre-se de continuar vivendo. Todo amor, mesmo que não venha para ficar, traz um ensinamento que permanece pelo resto da vida.